As Eras Astrológicas

A astrologia está em tudo... e mais um pouco.

As Eras Astrológicas
por Astrolink em Astrologia
A civilização egípcia é especial e única. Boa parte de seu conhecimento foi herdado dos antigos Sumérios e talvez dos mitológicos Atlantis. Seus conhecimentos sobre os mistérios dos céus fizeram dos egípcios os precursores da atual Era de Aquário, afinal, o nascimento do Egito ocorreu num signo de ar, assim como a Era tão esperada na qual estamos adentrando aos poucos.
Ao mesmo tempo em que a Terra realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo (que gera a sucessão dos dias e das noites) e o movimento de translação em torno do Sol (que cria a sucessão das estações do ano), a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste.
É fato também que o eixo terrestre não é fixo e nosso planeta não é uma esfera perfeita, mas sim um geóide. Devido a rotação, gravidade e outros fatores, é causado este terceiro movimento terrestre, chamado oficialmente de "Precessão dos Equinócios". Ou seja, a Terra vai mudando o seu eixo de rotação a cada 2.160 anos mais ou menos. Sendo assim, o Sol, a cada 2.160 anos, atravessa uma das constelações do zodíaco.
Na abóbada celeste, sobre o polo norte, existem 6 constelações conhecidas como constelações polares. Abaixo, perto do Equador, existem as 12 constelações zodiacais. O sistema solar dá voltas ao redor da galáxia sob uma linha imaginária chamada eclíptica e cada volta dura cerca de 25.920 anos, num ciclo eterno, chamado de ano cósmico.
Divide-se essa volta de 360º do sistema solar pela abóbada celeste em 12 setores de 30º cada um. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C. e hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor. Dentro de 12 mil anos será a estrela Vega, da constelação de Lira.
É durante essa volta que o planeta recebe as diferentes energias dos 12 signos zodiacais. Se soubermos sob qual das seis constelações polares e das 12 constelações zodiacais está situada a terra num determinado momento, podemos estabelecer exatamente a Era correspondente, que age como um Ascendente planetário, o aspecto macro que guia todo um período, classificando a forma como serão tratados toda uma gama de assuntos e definindo o destino do homem em cada fase, ditando as diferentes circunstâncias de aprendizado que ele deve viver em sua lenta jornada ao longo do ciclo.
O efeito energético mais forte na Terra é o da constelação pela qual o ponto vernal está se movendo. O ponto vernal é o ponto da esfera celeste determinado pela posição do Sol quando esse, movendo-se pela eclíptica, cruza o equador celeste - próximo (ou no próprio) dia 21 de março, determinando com isso o equinócio de primavera para o hemisfério norte e o de outono para o hemisfério sul.
Cerca de 2160 anos antes do marco o qual cunhamos como o nascimento de Jesus Cristo e início do nosso calendário atual, o ponto vernal se movia através da constelação de Áries. Devido à precessão dos equinócios, nesta época o ponto vernal moveu-se para a constelação de Peixes e o mundo foi envolvido na chamada Era de Peixes.
Agora, cerca de 2 mil anos depois, o ponto vernal está se movendo através dos últimos graus da constelação de Peixes, começando a dar lugar à chamada Era de Aquário. Isso significa que no próximos 2160 anos aproximadamente, Aquário, que é governado por Urano e tem como seu polo oposto o signo de Leão, que é regido pelo Sol, afetará o mundo por inteiro em uma visão macro e moldará os conceitos da humanidade, estabelecendo uma nova era de ideias.
A tendência é a Terra progredir em direção à igualdade entre as crenças, fazendo todos reconhecerem que há apenas uma força vital que orquestra tudo no universo e age de forma intrínseca. Tudo é uma única coisa, variando em frequência e intensidade.

Sinais dos tempos

Muitos não sabem, mas a Grande Esfinge de Gizé é um escultura de cunho monolítco de total simbolismo astrológico, que faz analogia com os signos classificados como fixos: Touro, Leão, Escorpião e Aquário. É um relógio que marca os ciclos maiores do sistema solar na galáxia. Ela é o maior e mais antigo registro do tempo sobre o planeta.
É uma estranha figura formada por partes de quatro diferentes animais: cabeça  humana (Aquário), cauda e garras de leão (Leão), corpo de bezerro (Touro) e asas de águia (Escorpião) [o signo de Escorpião também é tem como símbolo uma águia]. De fato, um enigma, mas é possível reconhecer os quatro signos fixos facilmente.
Muitos defendem que cada Era Astrológica teve sua personalidade marcante, com um mensageiro de uma nova maneira de enxergar o mundo, influenciando e mudando as pessoas e marcando seu tempo. Na era de Touro foi Krishna, na de Áries, Moisés, na de Peixes, Jesus.
A Era que estamos inseridos na transição agora é a de Aquário. Os cristãos, em particular, esperam a vinda de "outro Jesus", um salvador que livre a humanidade dos pecados acumulados durante e Era de Peixes, liderando todos para o novo mundo de Aquário.
Aliás, há uma clara referência na bíblia que pode ser analisada como simbolismo para a transição das Eras atuais, onde em Lucas 22:8-13, Jesus fala para Pedro e João dentro de um contexto específico citando a Páscoa (palavra que deriva do hebraico Pessach e que significa “a passagem") o seguinte:
"...Ao entrarem na cidade, vocês encontrarão um homem carregando um cântaro de água. Sigam-no até a casa em que ele entrar...".

As Eras que já passamos

O relógio das eras parece corresponder-se, em linhas gerais, com as diversas civilizações e religiões antigas. Assim, quando o Sol de primavera se elevava na Era de Touro, dominava o mitraísmo na Ásia Menor, cujo animal sagrado era o boi Ápis (analogia com o símbolo de Touro). O culto do Minotauro, que evoca ainda a lenda do bezerro de ouro semita, estava associado às religiões da Suméria, da Síria e do Egito.
Depois, quando o mesmo Sol atravessava a Era de Áries, havia o culto do velocino de ouro, do cordeiro pascal. Enfim, após dois milênios da Era de Áries, entramos na Era de Peixes, que foi a era do Cristianismo. Os primeiros cristãos tomaram os peixes como emblema e sinal para reuniões secretas, gravando-os nos muros das catacumbas e sobre suas primeiras sepulturas, sendo o peixe sempre o animal de sacrifício na religião cristã. Já reparou que a mitra do Papa é um peixe? O espírito do cristianismo está conforme a energia e psicologia do último signo zodiacal, Peixes: abnegação, caridade, humanidade, compaixão e grandes instituições.
É curioso também constatar que a Igreja Católica, que oficialmente renega a astrologia, a utiliza para basear toda sua simbologia. Na verdade a bíblia é um imenso compêndio de astrologia, suas histórias provavelmente são registros de cunho astrológico derivadas de escrituras ainda mais antigas.
Era de LeãoERA DE LEÃO (10.740 a.C.até 8.780 a.C.)
Leão simboliza poder e está ligado ao Sol. Como arquétipo, seu fogo promove a purificação do espírito e como uma fênix, o espírito renasce das cinzas mais puro e forte. Leão também nos impulsiona para frente, para buscarmos o que está à frente do nosso tempo. Porém, reza a lenda que a Era de Leão foi marcada pela má utilização do fogo por parte da civilização Atlantis, o que resultou na destruição do continente perdido que Platão descreveu. Muitos acreditam que a tecnologia moderna já era utilizada em Atlântida e foi apenas redescoberta. O problema para os atlantis é que a extrema dedicação à ciência fez com que perdessem seus vínculos espirituais. Eles se tornaram meros servos de suas vontades e essa ruptura levou a civilização à ruína.
Acredita-se também que antes de Atlântida ser destruída, muitos fugiram para o Egito, contribuindo com a cultura e o desenvolvimento egípcio. As transformações religiosas, morais, sociais, científicas e éticas do Egito podem ser explicadas através disso. Alguns estudiosos de cunho mais esotérico acreditam que o Egito foi o local escolhido pelos atlantis para perpetuar seus conhecimentos. Isso talvez explicaria como uma civilização no meio do deserto, com parcos recursos, se transformou em uma potência que teve séculos de glórias. Esse avanço repentino fez com que o Egito se erguesse acima de outras nações que ainda viviam atrasadas.

Era de CâncerERA DE CÂNCER  (8.780 a.C. até 6.620 a.C.)
De acordo com dados reportados no livro de Genesis, no início desta era ocorreu o dilúvio sofrido por Noé. Signos de água não possuem representação humana no zodíaco, apenas animais são associados a eles. Peixes e Escorpião já são óbvios, Câncer é um caranguejo. A água simboliza purificação, mas, além disso, também simboliza origem da vida, a fertilidade e nossos instintos. Como já vimos, acredita-se que Atlântida se auto-destruiu por conta da má utilização do fogo. O fogo simboliza o poder de Leão, e afundar nas águas pode simbolizar a purificação de Câncer. Os sobreviventes se espalharam e usaram seus instintos para continuar vivendo, se misturando em outras culturas. São características do elemento água: dissolução, instinto e mistura. Essa reorganização social e cultural promovida pelos atlantis sobreviventes marca a era de Câncer, juntamente com a purificação e renascimento espiritual do povo de Atlântida.
É interessante notar que praticamente todos os povos do planeta possuem uma lenda ou mito sobre o dilúvio universal, onde a água servia como fonte purificadora das raças. Nesses mitos, toda a civilização pré-diluviana existente era destruída e um novo ciclo de evolução era iniciado com os remanescentes bárbaros. Câncer se renova e cresce a partir de experiências prévias, é uma energia bastante ligada ao passado.

Era de GêmeosERA DE GÊMEOS (6.620 a.C. até 4.460 a.C.)
Gêmeos é um signo de dualidades. Ao mesmo tempo, representa o lado racional e irracional do ser humano, seu lado animal e seu lado civilizado. Essa dualidade também está presente na elevação material e espiritual que o signo de Ar promove. O Ar, aliás, é o elemento mais ligado ao nosso lado humano, o único elemento zodiacal que não tem representação animal. O Ar nos possibilita aprender, se relacionar, é quem cria as sociedades e laços entre os homens. Por isso dizem que Gêmeos é o portal do conhecimento.
A transição da era de Câncer para a era de Gêmeos trouxe uma necessidade muito grande de adaptação para o ser humano. O progresso das grandes civilizações estava tomando o lugar da barbárie. A era é permeada de lendas e mitos sobre irmãos gêmeos, como Osíris e Seth no Egito, marcando o nascimento dessa grande civilização. É a nova civilização - Osíris representando a civilização e seu progresso em contraste com os modos antigos - Seth simbolizando bestialidade, a barbárie.
Outro exemplo é a mitologia cristã, onde Abel simboliza a civilidade e Caim a bestialidade.

Era de TouroERA DE TOURO (4.460 a.C. até 2.300 a.C.)
Touro é o material, as necessidades básicas do ser, os recursos, simbolizando tudo que se pode tocar e ter, tudo que é real, palpável. A preocupação principal é suprir as necessidades básicas para sobreviver, é a perseguição implacável pela segurança. Touro só reconhece e acredita no que pode ver, com a Terra representando uma percepção a partir de uma realidade própria. Ao longo desses dois milênios da Era de Touro, comunidades nômades de caçadores e coletores começam a sedentarizar-se primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à terra e suas riquezas é a marca registrada da Era de Touro.
Touro se preocupa com as necessidades básicas, a subsistência. Durante sua era, civilizações foram impulsionadas para o plantio, cultivando terras para sobreviver das suas colheitas. Isso tornou possível a fixação de povos em determinadas áreas, como se criassem raízes tal qual seu plantio. De repente não precisavam mais ser nômades, podiam viver em um determinado lugar que tivesse as condições necessárias para plantar e viver do que se colheria. Touro se personificou em deuses (como a Deusa Hathor e o boi Ápis), sendo adorado por muitos povos. Muitas religiões conectadas com a terra surgiram em sua Era.
A terra nessa nova fase da agricultura na Era de Touro, precisa de água para se nutrir e dar frutos. Por isso a relação com Escorpião, seu signo oposto e complementar se tornou muito importante. Os povos procuravam terras onde a água pudesse ser facilmente acessada para garantir o plantio. A necessidade pelo tangível, por tocar em coisas que existem, propiciou o desenvolvimento de ciências exatas como matemática e engenharia. Medicina e astronomia também evoluíram muito durante a Era de Touro. No Egito, os Faraós passaram a simbolizar o vínculo da terra com o divino. Essa “divindade” adquirida pelos Faraós é que propiciava a prosperidade do povo e sua proteção, através de boas colheitas.
Estamos falando da Era de Touro, mas cada era não é influenciada apenas por um signo. Touro pode ser o signo principal de sua Era, o ascendente do mundo, mas ele também é o ponto de intersecção de outros signos que influenciarão em algum nível sua Era, numa grande cruz cósmica. No caso da Era de Touro temos Leão no Fundo do Céu, Aquário no Meio-Céu e Escorpião no Descendente. Dessa forma, outros signos opostos e complementares influenciarão cada era de um determinado signo. Os signos que formam quadraturas com o signo principal de uma Era também exercerão alguma influência, mas em menor proporção do que os opostos e complementares.
Povos que antes vivam como nômades começaram a se fixar durante a Era de Touro. A busca por água para garantir o plantio fez com que os povos procurassem meios de controlá-la através de reservatórios. Gradativamente, represas e diques começaram a ser construídos de forma cada vez mais eficiente e o processo de irrigação foi conquistado. As áreas de cultivo começaram a crescer e os povos começaram a se expandir, gerando civilizações históricas, como a egípcia. O Egito, aliás, juntamente com o império Mesopotâmico, é um grande exemplo desse período. A ligação entre Touro e Escorpião nessa Era propiciou a formação desse grande império, impulsionando o domínio das colheitas e prosperidade. As grandes colheitas podiam alimentar não só o povo, mas trabalhadores de todos os cantos que trabalharam na construção desses impérios. Nada disso seria possível sem o controle das águas dos rios Tigre, Eufrates e Nilo.
Obras de engenharia cada vez mais avançadas permitiam represar cada vez mais quantidade de água. Controlar a água significava ter recursos para plantar. Com a construção dessas represas, a agricultura cresceu, assim como a criação de animais, possibilitando a produção de excedentes. Esse controle mais eficiente da produção gerou sistemas econômicos sólidos, fazendo com que o controle do povo não se desse mais através da força militar e sim através da economia, onde se controlava o fluxo de riquezas e consequentes tributos da população. Suméria e Egito foram exemplos de impérios que ao invés de dominar através da força usavam o poder econômico. A administração econômica do Estado passou a ser tão ou mais importante que o exército ou reis, imperadores e faraós.
Esse foi um dos legados dessa junção complementar entre Touro e Escorpião, gerenciar bem as terras e seus recursos hídricos, possibilitando o florescer de civilizações baseadas em uma produção agropecuária altamente eficiente.

Era de ÁriesERA DE ÁRIES (2.300 a.C. até 150 a.C.)
Assim como em Leão, o fogo novamente promove a purificação do espírito, que como uma fênix, renasce das cinzas mais puro e forte. Dessa forma, a era de Áries representa um novo início, o nascimento de uma nova realidade. É a era das guerras, conquistas, sua prepotência e impulsividade traz consigo um senso de independência. Reis e faraós adquiriram ainda mais poder pessoal, enquanto civilizações que dependiam da terra, como o Egito, sofreram um certo declínio ao final da era de Touro.
Invasões bárbaras marcam a passagem da Era de Touro para a Era de Áries. Enquanto a Era de Touro trouxe prosperidade para vários impérios com economia baseada na agropecuária, a Era de Áries trouxe o domínio do metal e grandes máquinas de guerra, o que trouxe caos e instabilidade. As terras férteis do Oriente Médio, Mediterrâneo, China, Índia, foram invadidas por povos bárbaros do norte, que subjugaram grandes impérios como o egípcio através da superioridade militar.
Áries tem como regente Marte e sua Era simboliza atitudes proativas e beligerantes. Com o domínio da metalurgia, civilizações belicosas cresceram economicamente, formando grandes forças militares. O Deus vingativo e belicoso do Velho Testamento é um forte símbolo dessa Era, assim como Moisés, que além de quebrar um bezerro de ouro anunciando o fim da Era de Touro, lidera os hebreus à Terra Prometida, uma atitude de independência. O Sacrifício de carneiros (Áries) era comum para esse Deus do fogo, que se manifestava através de uma "sarça ardente".
As sociedades se reorganizaram durante a Era de Áries. As conquistas territoriais que se dão através de invasões militares mudam a economia, política e vida social de várias civilizações. O Egito é um bom exemplo dessa mudança. Ao invés de uma potência agropecuária, voltada para sua economia interna, o Egito volta suas atenções para desenvolver seu poderio militar. Durante a Era de Áries, Amenófis III e Ramsés II lutam com os hititas pelo controle do comércio no Oriente Médio, visando expandir seu domínio territorial e sua economia.
Povos e culturas começam a se fundir durante essa Era. Persas, gregos e latinos são alguns povos que marcam a Era de Áries. A fusão entre eles dá origem à base étnica que constituiria mais tarde os estados europeus. Culto à terra da Era de Touro dá lugar a religiões que cultuam valores masculinos, enterrando o lado lunar e feminino de Touro. Toda essa fusão é fruto da interação com o eixo Áries - Libra.
Libra representa um papel marcante nessa mudança social e cultural. Como é o signo oposto e complementar a Áries, influencia a fusão com o outro, a filosofia, religião e até política. O direito romano, o confucionismo e o budismo (doutrina que prega o caminho do meio) são exemplos claros dessa influência libriana. A democracia ateniense também sofreu tal influência, trazendo a liberdade de expressão e de escolhas políticas.
Durante essa era, Capricórnio ocupava o Meio do Céu, influenciando o controle através de tradição, hierarquia e uma rígida separação de classes. Predominam as monarquias, onde o rei está acima da lei, protegido pelo escudo da religião, sendo a ligação direta entre Deus e seu povo. A riqueza que vinha do plantio e da criação de animais na Era de Touro deu lugar a impérios despóticos e teocráticos, como os do Egito e os da Assíria, Caldéia e Pérsia.
O poder estava centralizado no Oriente Médio, mas à medida que a Era de Áries vai chegando ao seu final, o Ocidente começa a ganhar força, muito por conta de Alexandre, o Grande. Com educação grega, Alexandre partiu em uma campanha de conquistas que constituíram o grande império helenístico. Ele unificou várias regiões asiáticas sob seu império, misturando a cultura local com a cultura grega. É uma época que marca a passagem da Era de Áries para a Era de Peixes. O império alexandrino borrou fronteiras políticas, econômicas e principalmente culturais, levando os costumes ocidentais para o oriente, já evocando uma aura de dissolução.

Era de PeixesERA DE PEIXES (150 a.C. até 2010 d.C.)
Assim como o fogo, a água de Peixes também simboliza purificação, mas também traz a fertilidade, o instinto primordial e a mediunidade.
Peixes carrega uma dualidade. Ao mesmo tempo que tem o espírito elevado ao ponto de se tornar um mártir, pode querer escapar da realidade. Piscianos enxergam sempre o futuro, são visionários e bondosos, mas também se impressionam com facilidade e são influenciáveis. O nascimento de Ichthys ou Ichthus (do grego antigo ΙΧΘΥΣ ou ΙΧΘΥC, significando "peixe") é o símbolo ou marca do cristão. Trata-se de um acrônimo, utilizado pelos cristãos primitivos, da expressão "Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr", que significa "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador" e foi um dos primeiros símbolos cristãos, juntamente com o crucifixo e continua a ser usado pelas igrejas cristãs.
Aliás, o crucifixo, também é um símbolo derivado da cruz astrológica. Antigas igrejas medievais ainda usavam a cruz sem a haste comprida e com o círculo em volta, um símbolo com mais afinidade ainda à cruz zodiacal.
Yeshua (Jesus, o salvador) marca a era de Peixes. Seus ensinamentos carregam a mensagem de um Deus mais compreensivo, que deseja que a bondade e a solidariedade aflorem entre os seres humanos. É um Deus com um toque mais feminino, representado no Novo Testamento. Sai o Deus de Fogo (Áries) do Antigo Testamento e entra o Deus de Água (Peixes) do Novo Testamento.
A bíblia cristã carrega muitos simbolismos da era de Peixes. Cristo é batizado na água, apóstolos são pescadores, há o milagre da multiplicação dos peixes, entre outros... O "cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo” representa o Cristo que perdoa as civilizações da era de Áries e prepara os homens para a nova era de Peixes. Assim, ele carrega como símbolos o cordeiro de Áries e o peixe de Peixes. Você já reparou naqueles adesivos de carro onde Jesus é sempre simbolizado por um peixe? Esta é uma referência mais direta nos dias de hoje.
 
Esta Era trouxe consigo toda a ideia do signo, que é tentativa de elevar o ser humano espiritualmente, cultivando o amor entre iguais, a bondade, solidariedade e compreensão. Porém, os povos também construíram grilhões sociais na forma de rígidos sistemas hierárquicos. Quem tinha mais posses tinha mais valor, algo que vai de encontro com a filosofia da igualdade e solidariedade.
Esse lado materno e feminino do novo Deus teve como principal veículo a Virgem Maria, que representava o eixo zodiacal dos opostos complementares Peixes - Virgem. Aliás, outro problema dessa era foi Peixes deixar um pouco de lado Virgem, seu signo oposto que poderia trazer mais equilíbrio. Esse desbalanceamento trouxe consequências não tão benéficas para a humanidade.
Na Era de Peixes, o poder passou de vez do oriente para o ocidente, mais precisamente da Ásia para a Europa. Predominantemente cristã, a Europa era unificada através do poder da igreja católica e de suas tradições greco-romanas. A conquista de territórios asiáticos levou à introdução do cristianismo nesses povos. A Era de Peixes trouxe também as grandes navegações e o estabelecimento de grandes instituições, como a Igreja Católica Apostólica Romana, assumindo um papel materno na proteção dos homens pecadores, algo que ampliou ainda mais o domínio da Europa sobre o resto do mundo.
A Europa era unida pelo cristianismo e pela herança cultural greco-romana. Na Era de Peixes o cristianismo europeu foi levado para a Ásia. A influência social e cultural do ocidente começou através das conquistas de Alexandre, o Grande. Seu império durou de 336 a.C até 323 a.C e foi responsável por juntar os fundamentos culturais da Grécia e da Pérsia. A mistura entre os povos também foi possível durante essa época, com orientais casando-se com ocidentais. Outro traço marcante de seu governo foi tolerar as práticas dos povos conquistados, respeitando sua cultura e religião. O grego era o idioma oficial, dando uma noção de coesão ao seu vasto império. De repente, fronteiras não faziam mais sentido, assim como barreiras étnicas, culturais e sociais. Essa nova Era iniciada por Alexandre se estendeu até a época do Império Romano.
Não é difícil perceber Alexandre como um agente precursor da Era de Peixes, na medida em que cumpre papéis piscianos: integrar, dissolver fronteiras, fundir e diluir as diferenças. Seu papel foi fundamental para sedimentar o caminho para a Era de Peixes. Acabando com as fronteiras e integrando vários povos, ele conseguiu diminuir as diferenças e criar um império onde todos coexistiam, não importando raça ou costumes. Muitos consideram seu império helenístico como parte integrante da Era de Peixes, mas é melhor considerá-lo como o responsável por corroer as estruturas da Era de Áries, criando um caminho para a Era de Peixes. Durante seu governo, os velhos costumes e tradições ainda dividiam espaço com as novas ideias de unificação dos povos.
O cristianismo é uma grande marca na transição entre as Eras de Áries e Peixes. Com seus fundamentos baseados na compaixão e amor de Peixes, o cristianismo ainda pregava o desapego aos bens materiais, uma vida pura, sem pecados, dedicada ao bem, o perdão e a igualdade. A base do cristianismo remete ao caráter universalista de Peixes, ao fazer o bem sem olhar a quem. A valorização da humildade e da pureza são influências do signo oposto complementar, Virgem. Quem seguisse os preceitos do catolicismo alcançaria a salvação, enquanto os demais seguiriam rumo ao inferno. O controle da igreja católica passou a ser de vital importância para o poder vigente.
Como Peixes é um signo de dualidade, a chegada de sua Era traz bases misturadas para as civilizações. Roma preserva as influências gregas e helenísticas do império Alexandrino, enquanto o cristianismo, uma religião fundada sob preceitos piscianos, nascida entre pescadores e que fala do martírio de Jesus (que multiplicava os peixes), se mostra como pivô da passagem da Era de Áries para a Era de Peixes.
O nascimento de Jesus poderia ser considerado como o marco inicial da Era de Peixes. O simbolismo está todo lá: um messias que prega os preceitos universais e caridosos de Peixes, nascido de uma mulher pura - uma "Virgem". O nascimento ainda é percebido pelos estudiosos da astrologia da época, os três reis magos, também chamados de astrólogos. Porém, não podemos precisar que o início da Era de Peixes tenha sido justamente o nascimento de Cristo. A astrologia não funciona dessa forma, as transições entre as Eras são gradativas, como um degradê de cores, cheias de nuances e fatos marcantes, que pavimentam e consolidam a nova Era que está por chegar. Esses acontecimentos podem se estender por anos, décadas. Não existe um choque que force uma transição direta, da noite para o dia. O nascimento de Jesus, seja real ou apenas um simbolismo astrológico propagado, é uma referência importante, que faz com que seja até mais fácil delimitar a transição entre Eras, tanto de Áries para Peixes, como de Peixes para Aquário.
Há quem diga que o chamado "juízo final" seja simplesmente o início do grande ciclo de 36 anos de Saturno (astro conhecido como senhor do tempo, da colheita, que cobra cobrador conforme suas obras) que inicia-se em 2017 e que dentro desse período se consolidará de fato a entrada definitiva da terra sob as influências energéticas da Era de Aquário.
Estamos vivendo um momento singular neste final da Era de Peixes, com um aquecimento global cíclico natural, escassez de alimentos, novas doenças e esgotamento de alguns de nossos recursos vitais. Civilizações e culturas vem e vão e fragilidades sistêmicas emergem. É bom lembrar que ao fim de cada grande Era, há chances de um novo cataclismo transformador.
Com a Era de Peixes chegando aos seus últimos graus, podemos ser abalados desastres naturais, aquecimento global, escassez de alimentos, recessão, crises econômicas, energéticas, nucleares, instabilidades políticas e ideológicas, ataques terroristas e toda sorte de turbulências. Mas, após as dores do parto e finalmente o nascimento da Era de Aquário, começaremos a expurgar toda forma de corrupção do mundo antigo com a ajuda das leis do universo.

Era de AquárioERA DE AQUÁRIO (2010 até 4.170 d.C.)
Ao contrário dos signos de Água, os signos de Ar são os únicos que não são representados por animais no zodíaco. O Ar é um elemento ligado diretamente ao Homem e que promove sua elevação material e espiritual, abrindo caminhos para uniões, relações e sociedades. É o elemento do aprendizado, do conhecimento.
Na era de Aquário, o individualismo de Peixes é deixado de lado em prol da busca pelo universal e do coletivo, temas bastante ligados a energia de Aquário. As atitudes passam a ser mais objetivas, impessoais, tudo que não se aproveita mais ou está ultrapassado é descartado. Novos pensamentos e tecnologias surgem com bastante velocidade, a eletricidade tem grande importância. Com o advento da tecnologia da informação, quebra-se o espaço tempo. Com a internet, povos distantes do planeta conseguem se comunicar e se visualizar na velocidade da luz sem precisar estarem no mesmo ambiente. A realidade virtual já é uma realidade.
Já a partir da década de 1960, assuntos como vida extraterrestre, engenharia genética, cibernética, inteligência artificial, entre outros, começaram a ganhar maior destaque na sociedade. Uma preocupação com o meio-ambiente também começou a tomar forma, tudo isso graças ao jeito progressista e reformador de Aquário de olhar para o mundo. A transição gradual para a nova Era se mostra bem visível a partir dessa época. Os hippies, o estabelecimento do Rock'n Roll (ritmo advindo da libertação e da rebeldia), os ímpetos de extremismo, o fluxo intenso de novidades tecnológicas...
Aquário está sempre olhando para frente, impulsionando o ser humano rumo ao progresso. Ele busca a liberdade, tanto pessoal quanto do mundo como um todo, e isso será ainda mais evidente através da conquista do espaço. O mundo continua mudando, agora de maneira ainda mais frenética, vertiginosa e principalmente súbita, reflexo do modus operandi de Urano, co-regente de Aquário.
Essa nova Era tem como mote criar um mundo com mais amor e paz, porém isso só será possível a partir da evolução de cada um, algo que formará um coletivo harmonioso. As pessoas irão sentir necessidade de não deixar que os outros intercedam negativamente em suas vidas e serão mais incisivas em áreas como religião e governo, tendo ímpetos mais rebeldes (outra faceta aquariana) e tentando sempre tomar as rédeas de sua existência.
Novas fronteiras da descoberta científica em uma era de avanço tecnológico. Os tratamentos médicos provavelmente serão baseados na tecnologia de frequência de ondas, à nível molecular, utilizando o espectro infra-vermelho e ultravioleta da luz, de ondas curtas a ondas ainda mais curtas e ainda mais penetrantes. O mundo quântico e subatômico será desvendado e utilizado de vez abrindo caminho para uma era de abundância.
O avanço científico na fusão nuclear revolucionará poderá revolucionar o consumo de energia do mundo no ciclo natural da mudança climática, onde a energia global poderá ser fornecida por geradores movidos a energia de ponto zero, ecologicamente correta, atendendo à demanda global sem emissões poluentes.
Mudando a si mesmos, farão com que seja possível mudar o mundo nessa nova Era, tão esperada por uns, tão temida por outros...

Astrologia Mundial e os Grandes Ciclos


Fernando Fernandes

CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA – ASTROLETIVA

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Tanto a História quanto a Astrologia buscam reconhecer, no fluxo contínuo dos acontecimentos mundanos, alguma forma de padrão, elementos referenciais que permitam estabelecer periodizações válidas e minimamente homogêneas. Do ponto de vista histórico, valorizam-se especialmente as mudanças de grande porte no modo de produção e na superestrutura política-ideológica que lhe corresponde. Já do ponto de vista astrológico, os recursos mais apropriados para estabelecer um padrão compreensivo de vastas extensões de tempo são os conceitos de era, decorrente do movimento de precessão dos equinócios, e de ciclos de planetas exteriores – Urano, Netuno e Plutão, entendendo-se por ciclo o intervalo de tempo entre duas conjunções sucessivas formadas pelos mesmos planetas. Teríamos, assim, três ciclos a considerar, Urano-Netuno, Urano-Plutão e Netuno-Plutão, sendo que a inter-relação dos três, confrontada com as subdivisões internas de cada era, formaria uma grade complexa, com amplas possibilidades interpretativas.
Naturalmente, os ciclos mais longos correspondem a processos históricos de dimensões macroscópicas e de maior alcance. Tais processos não precisam necessariamente ser anunciados por acontecimentos bombásticos, nem correspondem a uma ruptura radical com o estado de coisas anterior. Suas características só são percebidas a partir da visão de conjunto proporcionada pelo distanciamento – como ocorre, aliás, com todas as grandes mudanças históricas. Da mesma forma como os planetas exteriores são invisíveis a olho nu, alguns acontecimentos de enormes conseqüências futuras passam despercebidos aos contemporâneos, e somente o transcurso do tempo irá lançar luz sobre sua verdadeira dimensão.
Vejamos agora o critério de periodização que abarca períodos mais extensos e é indicador de processos de maior amplitude: o conceito de eras astrológicas.
O que é uma Era Astrológica
Ao mesmo tempo em que realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que gera a sucessão dos dias e das noites, e o movimento de translação em torno do Sol, que cria a sucessão das estações do ano, a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro, antes de parar completamente. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste, que se completa no período aproximado de 25.794 anos. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi Thuban, a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C.; hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor; dentro de 12 mil anos será a estrela Vega, da constelação de Lira.
Eclíptica é o plano da órbita da Terra em torno do Sol (ou o caminho aparente do Sol em torno da Terra). Zodíaco é o grupo de constelações que se situa na região da eclíptica. Sabemos que, por causa da inclinação do eixo da Terra, o plano do equador também não coincide com o plano da eclíptica, apresentando um ângulo de inclinação de aproximadamente 23 graus e 27 minutos. Por isso, em seu movimento aparente, o Sol está seis meses ao norte e seis meses ao sul do equador celeste. Em apenas dois momentos do ano o Sol corta o equador celeste, e estes momentos marcam uma igual distribuição de luz pelos dois hemisférios, assim como igual duração do dia e da noite. São os equinócios de primavera e de outono.
Na medida em que o pólo vai descrevendo seu lento movimento de bamboleio no céu, vai-se alterando também a constelação zodiacal que serve de pano de fundo à passagem do Sol nos equinócios. A constelação que marcava o equinócio de primavera no hemisfério norte na época de Sócrates e de Platão era a de Áries; era a de Peixes quando Colombo descobriu a América; e, dentro de pouco tempo, será Aquário. O ponto de interseção da eclíptica com o equador celeste, no equinócio de primavera do hemisfério norte, é chamado de ponto vernal e marca o início do signo de Áries, no zodíaco tropical utilizado pela Astrologia do Ocidente. Quando o início da primavera no hemisfério norte – o signo de Áries – coincidia com a passagem do ponto vernal pela constelação do mesmo nome, estávamos na Era de Áries. A passagem do ponto vernal para a constelação de Peixes marcou o início da era de Peixes. Este movimento se dá no sentido contrário ao dos signos do zodíaco, sendo chamado, por esta razão, de movimento precessional, que gera a correspondente precessão dos equinócios.
 Quando começa a Era de Aquário?
No caso das eras astrológicas, não há sequer um consenso sobre seus verdadeiros limites. A transição da era de Peixes para a de Aquário é tema de controvérsias que se arrastam há décadas, conforme podemos deduzir deste trecho de David Williams1:
1 WILLIAMS, DAVID. SIMPLIFIED ASTRONOMY FOR ASTROLOGERS. TEMPE – ARIZONA, AFA, 1980.
A dificuldade para determinar quando a chamada Era de Aquário começa deve-se aos diferentes sistemas zodiacais utilizados em diversos períodos. Pesquisadores modernos contribuíram para a confusão ao considerar vários pontos de partida para suas constelações zodiacais. (…) Astrônomos tornam a confusão ainda pior ao chamarem o ponto vernal, que é móvel, de zero de Áries, e por usarem um sistema de determinação do tamanho das constelações inteiramente diferente. O quadro seguinte mostra a variedade de datas determinadas por várias autoridades astrológicas:
Observa-se, portanto, que não há unanimidade nem quanto à data de início da era de Aquário nem quanto à própria duração do período precessional. De acordo com a fórmula do prof. Simon Newcomb, baseada em valores tabulados para o período de 1600 a 2100, a Terra completa um inteiro ciclo precessional (o chamado Grande Ano de Platão) em 25.794 anos. Já outros pesquisadores trabalham com durações ligeiramente diferentes.
Se não temos limites precisos, podemos pelo menos tentar compreender o sentido geral das três eras historicamente conhecidas, que são as de Touro, Áries e Peixes. Mas como fazê-lo? O astrólogo francês André Barbault, em A Crise Mundial, indica o caminho da analogia entre o simbolismo de cada era e das civilizações que nela se desenvolveram ao afirmar:
É um fato, que esse relógio das eras parece corresponder-se, em linhas gerais, com as diversas civilizações e religiões antigas. Assim, quando o Sol de primavera se elevava na Era de Touro, dominava o mitraísmo na Ásia Menor, cujo animal sagrado era o boi Ápis (analogia com o símbolo de Touro: o touro); o culto do Minotauro, que evoca a lenda do bezerro de ouro semita, estava associado às religiões da Suméria, da Síria, do Egito. Depois, quando o mesmo Sol atravessava a Era de Áries (cujo símbolo é o carneiro), a mesma raça estava sob a supremacia espiritual de Amon-Rá, o deus solar egípcio, com cabeça de cordeiro; havia o culto do velocino de ouro, do cordeiro pascal. Enfim, após dois milênios, estamos no que se chama a Era de Peixes, que é a era do Cristianismo; pois os primeiros cristãos tomaram os peixes como emblema e sinal para reuniões secretas, gravando-os nos muros das catacumbas e sobre suas primeiras sepulturas, sendo o peixe sempre o animal de sacrifício na religião cristã. Além disso, o espírito do cristianismo está conforme a psicologia do último signo zodiacal: abnegação, caridade, humanidade2.
2 CITADO EM: CRISTOFF, BORIS. LA GRAN CATASTROFE DE 1983. BUENOS AIRES, ED. MARTINEZ ROCA, 1979.
A Era de Touro
A Era de Touro é aquela que se estende (muito aproximadamente) entre 4000 a.C e 2000 a.C. Ao longo desses dois milênios, comunidades nômades de caçadores e coletores começam a sedentarizar-se primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à terra e às riquezas dela decorrentes é a marca registrada da Era de Touro.
Uma era não expressa apenas os valores de um signo, mas também os do signo oposto e complementar e, em menor escala, dos signos com que forma quadraturas. É como se o signo dominante da era representasse o Ascendente simbólico do mundo, ponto de partida de uma cruz cósmica que pode envolver todos os signos cardinais, fixos ou mutáveis. Assim, a era de Touro é também a de Escorpião no Descendente, de Aquário no Meio-Céu e de Leão no Fundo do Céu.
O eixo Touro–Escorpião explica adequadamente o processo de formação do antigo império egípcio e das civilizações mesopotâmicas estabelecidas nos vales do Tigre e do Eufrates. O desafio principal para a fixação do homem ao solo era o controle das águas dos rios, de forma a permitir a formação de reservatórios que regulassem as cheias e vazantes anuais e abastecessem canais de irrigação. A construção de diques e represas aperfeiçoa-se aos poucos, levando à extensão progressiva das áreas cultiváveis e à geração de um excedente de produção capaz de alimentar classes de trabalhadores especializados a serviço do Estado. O caso do Egito é típico deste processo, e foi o controle do Nilo que permitiu a acumulação dos recursos capazes de sustentar um enorme corpo de funcionários – sacerdotes, escribas e militares – não envolvidos diretamente com a produção agropastoril.
Escorpião simboliza a força concentrada das águas, enquanto Touro rege as construções. O represamento das águas através de enormes obras de engenharia e o aproveitamento prático dos recursos hídricos são processos típicos do eixo Touro–Escorpião. É o controle das águas (Escorpião) para manter a agropecuária (Touro) e gerar excedentes suficientes para a manutenção do Estado. Aquário no Meio-Céu responde bem à idéia de uma estrutura de poder que, pela primeira vez na história, sustenta-se não apenas pela força bruta, mas também pela capacidade de criar e administrar um sistema de circulação de riquezas baseado no controle da produção e na eficiente arrecadação de tributos.
Egito e Suméria são casos pioneiros de estados burocráticos, em que o escriba que registra o montante dos tributos é tão importante na sustentação do poder do monarca quanto as tropas do exército.
A Era de Áries
A passagem da Era de Touro para a Era de Áries é marcada por uma onda de invasões de povos bárbaros que, vindos das terras mais frias do norte, invadem as regiões férteis do Mediterrâneo, do Oriente Médio, do Egito, da Índia e da China. A chegada desses invasores desestabiliza os grandes impérios agrários, como o do Egito, e instaura momentaneamente o caos e a desordem. A superioridade dos invasores é de ordem militar: utilizam carros de combate puxados a cavalo (uma novidade) e armamentos de ferro e de bronze. O domínio do ferro, metal regido por Áries, é uma das marcas que identificam os povos surgidos nesta era.
A reorganização da vida social, política e econômica dá-se, a seguir, em novas bases, em que a agressividade bélica a serviço do expansionismo territorial desempenhará um papel preponderante. O Egito da época de Amenófis III e de Ramsés II, já na Era de Áries, é uma potência militar voltada para a disputa com os hititas pelo domínio dos corredores comerciais do Oriente Médio, em contraste com o Egito isolado e voltado para os valores da terra da Era de Touro, na fase do Antigo e do Médio Império.
As invasões da Era de Áries começam a trazer para o mundo civilizado os povos indo-europeus que constituirão a base étnica dos futuros estados da Europa. Gregos, latinos, persas e os conquistadores arianos que se estabeleceram na Índia são alguns dos povos que “entram na História” neste período. Suas religiões cultuam valores masculinos, solares, em contraste com o culto da terra e do princípio lunar e feminino, na era anterior.
Como Libra é o signo oposto e complementar a Áries, a marca libriana está presente em diversas formulações religiosas, filosóficas e institucionais da última parte deste período, como o budismo (uma religião abstrata, que valoriza o “caminho do meio”), o confucionismo (um código ético voltado para a regulação das relações sociais) e o próprio direito romano, cujos pilares são estabelecidos. Na Grécia, novas experimentações políticas e institucionais levam à democracia ateniense, ainda restrita a uma pequena elite (os escravos e estrangeiros, que somavam juntos 90% da população, não são considerados cidadãos), mas já incorporando mecanismos de debate e de livre escolha entre posições conflitantes.
De qualquer forma, os dois milênios anteriores ao nascimento de Cristo caracterizam-se pelo predomínio das monarquias despóticas e teocráticas. Com Áries no Ascendente Simbólico da era, o Meio-Céu estava ocupado por Capricórnio, indicando a vigência de um modelo de poder baseado na hierarquia, na tradição e na rígida estratificação social. Com Touro na Casa 2, a riqueza estava associada à agricultura e às atividades pastoris. Nestes dois milênios, sucedem-se como grandes potências no Oriente Médio os impérios teocráticos do Egito, da Caldéia, da Assíria e da Pérsia.
Na medida em que a era se aproxima de seu término, começa a verificar-se um lento deslocamento do eixo de poder do Oriente para o Ocidente, especialmente após a formação do império helenístico de Alexandre, o Grande. A Macedônia, cujo trono Alexandre herdou, era um reino vizinho à Grécia e sob sua esfera de influência cultural. O próprio Alexandre foi educado por professores gregos. Ao unificar toda a região entre o Egito e o vale do Indo, nela introduziu os valores da cultura grega que, em contato com as culturas locais, geraram a base da civilização helenística. Alexandre, ao derrubar fronteiras políticas, econômicas, étnicas e lingüísticas, concorreu para a dissolução (um sentido de Peixes) das estruturas da Era de Áries e abriu caminho para um novo ciclo de civilização. Pela primeira vez, porções consideráveis de território asiático encontravam-se sob a hegemonia de uma potência européia. Este fato, por suas profundas implicações futuras, pode ser considerado o início do processo de transição da Era de Áries para a Era de Peixes.
A Era de Peixes
A Era de Peixes é, antes de tudo, a Era da Europa e da trajetória da civilização ocidental no rumo da hegemonia planetária, processo que se afirma com maior força em sua quarta e última fase, que vai da expansão marítima ibérica até os nossos dias.
O que vemos hoje é a adesão de praticamente todos os países do mundo a um modelo de estruturação política e social de inspiração européia. As conseqüências da revolução industrial atingem todos os continentes, e o modelo tecnológico e de organização de trabalho segue um mesmo padrão em todos os quadrantes da Terra. O processo de globalização deu-se a partir de parâmetros europeus – ou norte-americanos, sendo estes os herdeiros e continuadores diretos da civilização européia. Para competir em pé de igualdade, povos de cultura tradicional tiveram de ocidentalizar-se, sendo o Japão o caso mais evidente.
Eis, então, o traço mais definitivo da Era de Peixes: o deslocamento do eixo de poder da Ásia para a Europa, sendo a Europa praticamente um sinônimo de cristandade, ou seja, de um conjunto de povos unidos pelo traço comum da religião cristã e da herança cultural greco-romana.
Para entender o significado da transição da Era de Áries para a de Peixes, é preciso investigar o período entre o quarto século a.C e o quarto século d.C. em busca de indicações do que desaparecia neste período para dar lugar a algo novo. Um bom começo é considerar o efeito das conquistas de Alexandre, cujo governo estendeu-se de 336 a.C a 323 a.C., sobre o mundo civilizado:
Alexandre desenvolveu intensa atividade no sentido de realizar a fusão de gregos e persas, promovendo a união de vencidos e vencedores e desenvolvendo a helenização do mundo antigo. Encorajou o casamento de ocidentais e orientais, ele mesmo desposando princesas persas; incorporou jovens persas helenizados ao seu exército (…); mostrou-se tolerante com os deuses e costumes dos vencidos, inclusive copiando o cerimonial asiático, mantendo os quadros administrativos e adotando práticas orientais, como a poligamia e o despotismo teocrático (proclamou-se filho de Amon e de Zeus). Paralelamente, tornou o grego o idioma oficial do Império e multiplicou a fundação de cidades. (…) Obrigando milhões de indivíduos a revisarem seus preconceitos de raça, a manter uma certa coexistência de interesses materiais, a tolerar as mesmas idéias religiosas, a compreender um mesmo idioma, Alexandre, por sua obra, marcou o início de uma nova era que se prolongaria até a conquista romana3.
3 SILVA, JOSÉ LUIZ WERNECK DA. & AQUINO, RUBIM SANTOS LEÃO DE. HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL. RIO DE JANEIRO, GUYMARA ED., 1970.
Não é difícil perceber Alexandre como um agente precursor da Era de Peixes, na medida em que cumpre papéis piscianos: integrardissolver fronteiras, fundirdiluir as diferenças. Para alguns pesquisadores, aliás, o período helenístico é considerado como já pertencente à era de Peixes. Contudo, melhor seria defini-lo como a fase de apogeu e início da desintegração das estruturas da era anterior, um período de transição em que o velho ainda coexiste com as sementes do novo.
Outro fator de transição é a emergência de Roma como potência imperialista, o que se dá especialmente a partir das Guerras Púnicas, contra Cartago, entre 264 a.C. e 146 a.C. Em muitos aspectos, a expansão romana foi facilitada pelo trabalho de integração cultural e econômica realizado por Alexandre. Ao dirigir seus exércitos para o Oriente, Roma não mais encontrará as velhas monarquias teocráticas, mas apenas os frágeis reinos helenísticos que resultaram da desagregação do império macedônio. O que Roma traz de já indicativo da nova era é o aperfeiçoamento da superestrutura jurídica – o Direito Romano – que fornece um parâmetro abstrato e lógico para o ordenamento das relações sociais e econômicas. A Era de Peixes tem os signos mutáveis nos ângulos do mapa simbólico do planeta. Na Casa 10, está Sagitário, o signo que expressa os princípios da lei e da cultura superior.
O terceiro fator na transição de eras é o advento do Cristianismo, cuja ascensão deve-se antes de tudo ao próprio conteúdo moral e religioso da nova crença, que apresenta os seguintes fundamentos:
O monoteísmo que coloca a comunhão com Deus, o Pai, por intermédio de seu filho Jesus; o amor a Deus e ao próximo, considerado como irmão; (…) o desapego aos bens materiais, infinitamente inferiores aos bens no Reino Celestial; a igualdade, a pureza e a humildade do coração; o perdão das injúrias e a caridade; enfim, a salvação prometida aos que acreditassem e cumprissem seus ensinamentos, enquanto os demais seriam condenados. (…) O próprio caráter universalista da religião, imprimido por Paulo de Tarso (…) que pregou a conversão de todos os homens, e seu ideal de igualdade de todos perante a divindade constituiu um motivo de sucesso entre os pobres, os humildes e os escravos, tendo, por meio destes, penetrado nos lares dos poderosos, influenciando inicialmente os filhos e as esposas de seus senhores4.
4 SILVA, JOSÉ LUIZ WERNECK DA. & AQUINO, RUBIM SANTOS LEÃO DE. OP. CIT.
Vários desses traços remetem a conteúdos do signo de Peixes: o caráter universalista, o desapego, o amor e a caridade sem fronteiras, a difusão entre os pobres e escravos. Outros, como a valorização da humildade e da pureza, expressam o signo oposto e complementar, Virgem. A expansão do Cristianismo foi grandemente beneficiada pela:
Vitalidade da civilização helenística, que criara vínculos comuns aos mundos grego, oriental e romano. A língua grega serviu de veículo inicial de transmissão do Cristianismo, tendo permanecido até metade do século III como a língua oficial da religião cristã. (…) A unificação política do mundo mediterrâneo, sob a égide de Roma, também contribuiu para a propagação da fé cristã. Com efeito, a cristianização (…) foi facilitada pela existência de um denominador comum, o Império, do qual as estradas eram um veículo de romanização e, posteriormente, de divulgação do Cristianismo.
Portanto, em correspondência com a natureza dual do signo de Peixes, as grandes bases civilizatórias da nova era são também duplas: de um lado, a herança cultural da Grécia e dos reinos helenísticos, assimilada e preservada por Roma; de outro, o Cristianismo, religião pisciana por excelência, nascida entre pescadores e consolidada no martírio de Jesus e dos primeiros seguidores. Sem dúvida, a nova religião é o fator central das mudanças da passagem de era.
Mas que data podemos definir como marco inicial da Era de Peixes? Simbolicamente, o nascimento do novo messias no rústico ambiente de uma estrebaria, filho de uma mulher considerada pura e identificada com o signo de Virgem, e anunciado por configurações fortes o suficiente para atrair a atenção dos astrólogos da época (os reis magos), atende todos os requisitos para representar este momento inicial. Já se sabe que o nascimento de Cristo ocorreu algum tempo antes da data utilizada como referência para o calendário cristão, provavelmente no ano 7 a.C. Mas somos de opinião que o início de uma era não pode ser reduzido a um momento, sendo muito mais um período transicional que pode estender-se por vários anos, ou décadas.
Entretanto, estabelecer um ponto de partida para o início da Era de Peixes é importante como base de referência para tentarmos investigar quando se dará o momento inicial da era seguinte – a de Aquário.

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Dividindo uma Era em Doze Etapas
Uma ferramenta de investigação de grande utilidade foi proposta pelo astrólogo uruguaio Boris Cristoff, que sugeriu a divisão das eras astrológicas em doze períodos menores, sub-eras ou fases, cada uma em analogia com um signo e uma casa. Assim, o primeiro duodécimo da era teria sempre um sentido ariano (ou de casa 1), o segundo, de Touro (ou de casa 2), e assim por diante. Tal proposição encontra respaldo num dos princípios fundamentais em Astrologia, que é o da analogia entre ciclos, que permite transpor conceitos e significados de ciclos mais amplos para os mais curtos, e vice-versa. Tais analogias estão baseadas na correlação entre os três principais movimentos da Terra: a rotação, a translação e a precessão dos equinócios. Assim, se o ano de aproximadamente 365 dias gerado pelo movimento de translação pode ser dividido em doze porções, cada uma correspondendo a um signo, o mesmo pode ser feito em relação ao Grande Ano de Platão, de quase 26 mil anos, gerado pela precessão dos equinócios. E cada 1/12 avos deste Grande Ano – cada era astrológica, portanto – pode, por sua vez, sofrer nova subdivisão por doze, para gerar sub-eras.
Boris Cristoff, para sua infelicidade, desenvolveu esta interessante discussão num livro cuja proposta maior revelou-se um enorme fracasso em termos de previsões coletivas: A grande catástrofe de 1983, escrito no final dos anos setenta. Neste livro, Cristoff tenta provar, com base em profecias e evidências astrológicas, que o ano de 1983 seria marcado por terríveis hecatombes mundiais, incluindo gigantescos terremotos e o desaparecimento de países inteiros. Como nada aconteceu, o livro caiu no esquecimento e, com ele, a discussão sobre as sub-eras.
Cristoff, aliás, parece ter incorrido em outros pecados: estabelece como ponto de partida da era de Peixes o ano zero do calendário cristão, como se correspondesse verdadeiramente ao nascimento de Cristo; estabelece para o Grande Ano de Platão uma duração de 25.200 anos, que não é aceita unanimemente pelos especialistas; e dá para cada era uma duração de 175 anos, que também pode ser contestada. A seguir, define o conteúdo astrológico de cada sub-era de forma um tanto simplificada e esquemática, sem entrar em maiores considerações de ordem histórica ou cultural.
Tentaremos resgatar a proposta central de Cristoff de que uma era pode ser subdivida em doze fases, cada uma carregando conteúdos do signo e casa correspondentes. Contudo, em vez de estabelecer datas e, a partir daí, procurar processos históricos que correspondam ao simbolismo astrológico, faremos o percurso oposto, que é buscar, no desenvolvimento da civilização ocidental, momentos coletivos que carreguem um sentido deste ou daquele signo, para apenas depois tentar uma periodização mais detalhada.

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As Doze Fases da Era de Peixes
No caso das eras e sub-eras, estaremos lidando sempre com processos coletivos, macroscópicos, tão vastos no tempo e no espaço que sua verdadeira natureza só pode ser percebida com clareza a partir de uma perspectiva extremamente distanciada e abrangente. Trata-se de uma escala de tempo e de espaço muito superior ao de uma vida humana.
Áries e a Casa 1: o irromper da cristandade

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O período inicial da era de Peixes tem uma conotação ariana e de Casa 1. Precisa estar caracterizado, pois, pela implantação de um princípio novo, fundamentalmente diverso dos conteúdos das eras anteriores. Tal princípio, como já vimos, é o Cristianismo, religião que se desenvolve a partir das camadas mais pobres e socialmente excluídas do Império Romano. É um caso raro de religião que se afirma (sentido da fase Áries ou de Casa 1) pelo sacrifício voluntário (Peixes) de seus membros. É a fase também da afirmação do poder imperial romano e da construção de uma unidade política e social cujos parâmetros institucionais já são totalmente europeus. Este é o processo que será desdobrado e aprofundado nas fases posteriores.
Touro e a Casa 2: a consolidação da Igreja

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Touro e a Casa 2 têm a ver com valores, com a estabilização da forma e com o preenchimento do molde definido pelo Ascendente através da aquisição e agregação dos recursos necessários. Considerando que a forma gerada na fase ariana foi a da nova civilização de base greco-romana e cristã, este momento de estabilização e consolidação se dá com o restabelecimento da paz religiosa através do Edito de Milão, no ano de 313, que põe fim às perseguições e permite a liberdade religiosa. Ainda no mesmo século, novo passo será dado pelo imperador Teodósio, com a elevação do Cristianismo à condição de religião oficial do Estado. Livre dos problemas externos, a igreja cristã consegue concentrar esforços na própria organização: uma série de concílios fixa os dogmas da religião e inicia o processo de estruturação do clero.

Gêmeos e a Casa 3: o bárbaro que experimenta

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Gêmeos e a Casa 3 expressam conteúdos de troca, aprendizagem, dualidade, intercâmbio, mudanças rápidas e instabilidade. Politicamente, correspondem à derrocada final do Império Romano do Ocidente e sua substituição por uma miríade de pequenos reinos bárbaros, fruto da aceleração das invasões de povos germânicos e asiáticos (hunos) no antigo território imperial. Paralelamente, sobrevive na parte oriental do Mediterrâneo o Império Romano do Oriente, que também passa por intensas transformações culturais cujo resultado será o progressivo abandono das raízes latinas e a retomada do patrimônio cultural grego, sob a capa do Cristianismo. Consoante com a natureza dual de Gêmeos, consolida-se na Europa a dualidade entre o Ocidente latino-germânico e o Oriente greco-cristão. A igreja cristã tem sua unidade ameaçada pelas heresias (em grego, “opiniões separadas”) que, se já existiam desde o século II, nesta fase alcançam seu maior impacto com a conversão de povos bárbaros, como os visigodos, às seitas heréticas. É também a fase em que começam a nascer as línguas europeias modernas, resultantes da desagregação do latim clássico em uma série de dialetos locais.
O sentido geminiano está em que esta fase pode ser considerada um grande laboratório de experimentação de novas formas de organização política e social. Os bárbaros recém-chegados da vida nômade das estepes apoderam-se dos sofisticados recursos do Império Romano e experimentam um poderoso choque cultural, comportando-se como “macacos na cristaleira”. É a adolescência da Europa Moderna.
Câncer e a Casa 4: em busca das raízes

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A metade do século VI marca um brilhante momento do império bizantino. Sua grande contribuição é a consolidação, no governo de Justiniano, de todo o saber jurídico até então existente através do Corpus Juris Civilis, uma obra monumental de compilação. Justiniano desenvolve uma política expansionista com o objetivo de recuperar a grandeza do império romano. É bem sucedido, mas os resultados não são duráveis:
Sua política imperialista foi um erro de proporções grandiosas porquanto, ao tentar ressuscitar o passado, comprometeu consideráveis recursos militares e financeiros em conquistas precárias.
Porém, o que impressiona no Império Bizantino desta fase é a preocupação canceriana e de Casa 4 no sentido de resgatar o passado, reconstituir o fio da meada da trajetória da civilização romana, restaurar as raízes do império. Tal tentativa revela-se artificial, pois a base populacional de Bizâncio já não é latina, e sim grega. Este fato é reconhecido pelos imperadores subsequentes, especialmente Heráclio (610-641), que finalmente abandona o latim como língua oficial e adota o grego na legislação, na administração e até mesmo na denominação dos cargos. Com Heráclio, Bizâncio, cancerianamente, encontra sua raiz.
O século VII marca o surgimento de uma nova religião – o Islamismo – e a emergência política e militar do povo árabe, até então destinado a um papel secundário em relação às principais correntes civilizatórias. O sentido canceriano do Islamismo está presente até mesmo em seu símbolo máximo – a Lua crescente. Esta fase corresponde ao atingimento do primeiro quarto da Era de Peixes, sua Casa 4 simbólica, cujo sentido é o da fixação das bases emocionais e das raízes ancestrais da civilização. O Islamismo cumpre bem este papel, indo resgatar elementos do judaísmo, do cristianismo e dos cultos tribais para sintetizá-los numa religião simples e de grande impacto popular. O Islamismo expandiu-se rapidamente movido, entre outros fatores, por um intenso emocionalismo, que é um traço canceriano. Ao mesmo tempo, a Europa Ocidental assiste a tentativa de consolidação dos reinos bárbaros que, passada a turbulência dos séculos anteriores, iniciam um processo de fixação à terra e de delimitação de territórios.
Leão e a Casa 5: os grandes monarcas

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O século VIII marca um momento de retomada da centralização política em torno da figura de monarcas fortes que, desenvolvendo políticas imperialistas, consolidam o controle sobre vastos territórios. No Ocidente, o Papa, como líder da cristandade, estabelece uma aliança com o reino dos Francos, como forma de enfraquecer outros reinos bárbaros em que predominam tendências heréticas. Desta aliança surgirá o império de Carlos Magno, tentativa de reconstituição do Império Romano. No auge do poder, Carlos Magno faz-se coroar imperador pelo papa cujo nome já é uma revelação: Leão III.
No Oriente, duas outras potências também se estendem por enormes porções territoriais: o Império Bizantino e o Califado de Bagdá, em plena fase de apogeu sob o governo de Harum-Al-Raschid. Esta fase leonina, de centralização e estabilização, expressa também conteúdos de Casa 5 (criatividade, auto-expressão) na retomada da produção cultural, que atinge níveis altamente florescentes entre os árabes e manifesta-se na forma do “renascimento carolíngio” do Ocidente.
Virgem e a Casa 6: o isolamento feudal

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Após a morte de Carlos Magno, o império fragmenta-se em unidades menores. Para os novos reinos da Europa é um momento difícil e caótico: piratas vikings, originários da Escandinávia, assolam toda a costa do Atlântico em pequenos barcos, sobem pelos rios navegáveis e arrasam povoados e plantações, espalhando o terror; os magiares, bárbaros oriundos das estepes asiáticas, atravessam as estepes russas e ucranianas para desabar sobre a Europa Oriental; ao sul, são os muçulmanos que, já instalados na Espanha desde 711, ocupam agora os pontos estratégicos do Mediterrâneo e reduzem drasticamente as possibilidades de comércio marítimo entre povos cristãos. A ação conjugada de vikings, muçulmanos e magiares paralisa a Europa e obriga à adoção de uma estrutura social militarizada, onde a preocupação defensiva organiza as populações em comunidades estanques e auto-suficientes.
Surge o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha, e o reino da França. Os séculos X e XI representam o apogeu do feudalismo. A virada do milênio encontra uma Europa agrária, compartimentada em unidades políticas e econômicas descentralizadas, que funcionavam na prática como pequenos Estados independentes. Em 1066, os normandos (descendentes dos vikings que se estabeleceram na costa francesa e assimilaram a cultura dos francos) invadem as Ilhas Britânicas e instauram uma nova dinastia. É a origem da Inglaterra moderna.
Outro fato importante que marca essa época é a definitiva cisão, em 1054, entre as igrejas de Roma, chefiada pelo papa, e de Bizâncio, chefiada pelo patriarca de Constantinopla. É o Grande Cisma (cisão), que dividirá, daí em diante, a cristandade em dois blocos: católicos na Europa Ocidental e ortodoxos na Europa Oriental.
Por outro lado, desencadeia-se nos séculos X e XI um processo de aperfeiçoamento das técnicas agrícolas que resulta no aumento gradativo da produtividade e na geração de excedentes para o comércio. É desse movimento que virá, já na fase Libra, o renascimento comercial e urbano da Europa, a partir da segunda metade do século XI.
A fragmentação de impérios em reinos menores, a acentuação das diferenças étnicas, políticas e religiosas, os lentos mas seguros avanços no campo material, tudo isso remete a Virgem, signo da discriminação e da fragmentação do todo em partes. Outro sentido virginiano está presente no apogeu cultural da civilização muçulmana, que assume as tarefas de revisão, filtragem e repasse do patrimônio cultural clássico (rever, filtrar e aperfeiçoar são funções de Virgem).
Libra e a Casa 7: a cristandade em armas

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Com os aperfeiçoamentos tecnológicos iniciados na fase anterior, a Europa entra numa fase de maior prosperidade, caracterizando um renascimento comercial e urbano a partir das últimas décadas do século XI. A chegada de uma nova ameaça à cristandade é representada pelos turcos vindos da Ásia Central que, após converterem-se ao Islamismo, apoderam-se aos poucos das principais fontes de produção e vias de comércio do Oriente Médio. A tomada de Jerusalém pelos turcos soa como o sinal de alerta para a cristandade e como pretexto para que o papado e as lideranças feudais desviem a população excedente da Europa para um grande esforço bélico multinacional: as cruzadas. É o conflito de duas grandes correntes civilizatórias, a cristã e a islâmica, caracterizando todo o período com um claro toque libriano e de Casa 7. É o confronto com a alteridade, com todas o seu leque de possibilidades: acordo, compromisso ou guerra.
O auge do movimento cruzadista estendeu-se de 1099, quando a primeira cruzada conquista Jerusalém, a 1204, quando a quarta cruzada, desviada para Constantinopla por interesses comerciais, forma um efêmero império latino em território de Bizâncio.
É uma época contraditória: ao mesmo tempo em que existe fanatismo religioso e guerra permanente contra os infiéis, existe também um intenso movimento de troca entre as duas civilizações em conflito. Desta troca resultará a reintrodução da cultura clássica no Ocidente, que fora preservada pelos árabes, assim como o progressivo incremento do consumo de artigos de luxo, especialmente de tecidos. A vida urbana ganha terreno e refina-se aos poucos, em contraste com o dura austeridade dos séculos anteriores. Tudo isso reflete conteúdos de Libra: a era chega a seu ponto intermediário – a oposição – e a civilização cristã caminha para a sofisticação e para a crescente complexidade dos séculos seguintes.
Escorpião e a Casa 8: a hora da peste

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Em meados do século XIV, a Europa sofre a maior de suas crises, desde o advento da era cristã. O inimigo maior, desta vez, não é o guerreiro bárbaro, mas um bacilo invisível e insidioso, que chega ao continente no aparelho digestivo dos ratos de navio. Não é difícil perceber na Peste Negra um forte conteúdo de Escorpião e de Casa 8. É o sombrio véu da morte que desaba sobre a Europa, dizimando um terço de sua população. Paralelamente, uma ameaça mais palpável muda os rumos da história na Ásia, com reflexos sobre a Europa: é o auge da expansão das hordas mongólicas e turco-tártaras para o Ocidente. As ricas civilizações bizantina e árabe-persa sofrem com a chegada dos guerreiros bárbaros de Tamerlão que, vindos das profundezas das estepes asiáticas, espalham o terror, arrasam Bagdá e põem em cheque a sobrevivência bizantina. A civilização ocidental passa, neste período, por um aparente retrocesso, para voltar a expandir-se mais adiante, em busca de novos horizontes.
Sagitário e a Casa 9: expansão e fé

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O período da expansão marítima européia tem um evidente sentido sagitariano. É uma ampliação de fronteiras culturais e econômicas que se dá pela via oceânica, caracterizando claramente o sentido da fase sagitariana da Era de Peixes.
As décadas que marcaram mais fortemente este período são as que vão de 1488 – chegada de Bartolomeu Dias ao cabo das Tormentas, no extremo sul da África – à primeira viagem a dar a volta à Terra por mar, por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. Entre uma e outra, a chegada de Colombo à América, em 1492, e de Vasco da Gama às Índias por mar, em 1498.
Nesta mesma fase, ocorre também a Reforma Protestante, iniciada por Lutero e aprofundada por Calvino. Enquanto navegantes e piratas exploram os mais longínquos oceanos, a Europa mergulha em sangrentas guerras de religião. Não é preciso lembrar que tanto as longas viagens quanto a religião organizada são assuntos de Sagitário e de Casa 9.
Capricórnio e a Casa 10: a hora do poder

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A fase Capricórnio teria de estar ligada a valores deste signo: hierarquia, materialismo, fortalecimento das estruturas de poder, conservadorismo. É a fase do máximo fortalecimento das monarquias europeias na forma dos regimes absolutistas. E é também a fase em que a Europa começa a libertar-se do jugo restritivo da Igreja e a desenvolver visões filosóficas e teorias científicas que vão de encontro à visão teológica até então vigente. O século XVII é o século do empirismo, da lei da gravidade, do desenvolvimento da mecânica e dos modelos matemáticos do universo.
O longo reinado de Luís XIV, na França, é o fenômeno político mais refinado do regime absolutista. A famosa frase atribuída a Luís XIV – “Après moi, le déluge” (Depois de mim, o dilúvio) – parece esconder uma profecia de base astrológica: efetivamente, depois de Capricórnio vem Aquário, o signo do Aguadeiro.
Aquário e a Casa 11: as luzes da ciência

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Não é difícil perceber uma forte conotação aquariana e de seu regente moderno, Urano, nos processos políticos e econômicos que transformaram a face da Europa no final do século XVIII: a Revolução Francesa, com seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (todos conceitos aquarianos) e a Revolução Industrial. O século XIX e o início do século XX carregam também o toque aquariano no movimento expansionista do capitalismo industrial, no enorme impulso tecnológico e na elevação da ciência quase à categoria de uma nova religião. É a época da máquina a vapor, da descoberta da eletricidade, do trem de ferro, da microbiologia, da invenção do automóvel. Surgem os meios de comunicação à distância, como o telégrafo, o rádio e o telefone. Uma verdadeira revolução urbanística começa a substituir cidades ainda de aspecto medieval por metrópoles modernas, de avenidas largas e arejadas. Paris dá o exemplo, no reinado de Napoleão III, e assume o aspecto que preserva até hoje. Nos novos países do Ocidente, como os Estados Unidos, desenvolve-se uma sociedade cujos valores favorecem a livre iniciativa e a liberdade de expressão. As cidades americanas assumem um aspecto futurista, com seus arranha-céus. Na Europa Oriental, a Rússia inaugura a experiência de um regime que se propõe a socializar em bases equitativas os frutos da produção.
A expectativa quase ingênua de que a ciência e o desenvolvimento tecnológico criariam condições para a paz e a prosperidade é subitamente posta em cheque com o barbarismo da primeira guerra mundial e com os acontecimentos da década de trinta. O capitalismo entra em crise. O desemprego e a desesperança abrem as portas para regimes totalitários na Alemanha e em outros países. Surge outra vez a figura do líder forte e providencial – um arquétipo de Leão, signo complementar a Aquário. E surge, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a possibilidade concreta da extinção da raça humana.
O conceito aquariano de fraternidade preside a criação de organismos internacionais de ajuda mútua e de preservação da paz mundial: a Liga das Nações, a ONU, a Organização Mundial da Saúde, a Unesco, etc. Por outro lado, jamais tão poucas potências acumulam tanto poder de fogo quanto neste período. Contudo, o que prevalece é o enfrentamento estratégico através da chamada Guerra Fria (Aquário). A impessoalidade começa a ser um problema definido nas relações humanas e nas relações entre governos e populações.
Peixes e a Casa 12: as lições não aprendidas

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A última fase de uma era guarda correlação com a Casa 12, aquela que simboliza a necessidade do confronto com os conteúdos das casas anteriores, com vistas a uma nova síntese e a um novo recomeço. Sendo a fase pisciana de uma era pisciana, o paradigma civilizatório instituído na fase de Casa 1 está aqui enfatizado, pela dupla ênfase em Peixes. Os esqueletos guardados no armário tendem a reaparecer e a provocar mal estar. É a hora de resolver pendências milenares.
Toda a era de Peixes foi uma longa trajetória de ascensão da civilização ocidental em busca da hegemonia mundial. Houve momentos de crise e de aparente retrocesso, especialmente na passagem pelas casas que limitam o Fundo do Céu – a 3 e a 4 – e naquelas tradicionalmente associadas a processos críticos, a 6 e a 8 (que simbolicamente estão em quincúncio com o Ascendente da era). E houve um claro momento de expansão e de apogeu, na passagem pelas casas 9, 10 e 11. De qualquer forma, é natural que o final da era – sua fase de casa 12 – traga de volta problemas relacionados ao mau uso das energias corporificadas nos signos e casas anteriores.
A civilização ocidental tem seu fundamento na generosidade dos preceitos cristãos e na universalidade de suas propostas. Contudo, o “Amai-vos uns aos outros” do primeiro momento traduziu-se na deturpação de uma religião que acobertou todas as formas de beligerância, intolerância e discriminação. A possibilidade de uma síntese entre os valores do Ocidente e do Oriente colocou-se na fase de Libra e da Casa 7, durante as cruzadas. A cristandade optou pela tentativa de aniquilação do “diferente”, visto como infiel e inimigo. A possibilidade de utilizar a concentração de recursos e poderes em prol de um grande projeto de disseminação de um novo paradigma de civilização colocou-se duas vezes, nas duas passagens pelos signos do eixo Casa 5-Casa 11. Em ambas, as luzes do progresso foram postas a serviço de formidáveis máquinas de destruição e drenagem de riquezas para alimentar as elites hegemônicas. Nas duas ocasiões, a oportunidade foi desperdiçada pelos francos, a primeira com Carlos Magno, a segunda, com Napoleão Bonaparte.
Na fase Sagitário e da Casa 9, a civilização ocidental teve a oportunidade única de expandir seus horizontes de fé e de conhecimentos para continentes inteiros até então desconhecidos. Com raras exceções, o que prevaleceu foi a submissão forçada e o massacre metódico dos nativos, sob o pretexto da salvação de suas almas.
A fase da Casa 12 da Era de Peixes pode ser identificada nos movimentos que começam a minar e a ameaçar a hegemonia da civilização ocidental. Um marco notável foi a guerra do Vietnam, quando os Estados Unidos experimentaram seu primeiro grande revés no papel de “polícia mundial”. Outro delimitador foi a eclosão do terrorismo islâmico durante as Olimpíadas de Munique, em 1972. As figuras encapuzadas dos membros do movimento Setembro Negro são pura casa 12: os inimigos abertos da fase da Casa 7 (cruzadas) tornam-se, modernamente, os inimigos ocultos que podem agir a qualquer momento em pleno território ocidental. Ainda nos anos sessenta, o movimento hippie, as manifestações pacifistas e de integração racial nos Estados Unidos e as revoltas estudantis por toda parte começam a dar voz a uma inquietação latente sobre os rumos do “sistema”. Não é ainda a era de Aquário: é o ocaso da era de Peixes, com toda sua carga de desencanto, dúvidas e perplexidade.
1973 marca a união dos produtores de petróleo – povos islâmicos, na maioria – para colocar contra a parede os países industrializados do Ocidente, maiores consumidores do produto. 1979 é o ano do renascimento do fundamentalismo islâmico, consubstanciado na tomada do poder pelos xiítas iranianos.
Até a década de cinqüenta, o mundo ainda parecia em ordem. Apesar de toda a barbárie das duas guerras mundiais, o Ocidente ainda era o dono do planeta. É nas décadas de sessenta e setenta que a falência da civilização ocidental começa a prenunciar-se, de forma lenta, insidiosa e inexorável. Conflitos históricos que se acreditavam absolutamente superados voltam à cena. Velhos ódios étnicos e religiosos explodem outra vez, como se todos os ressentimentos acumulados ao longo da era tivessem subitamente vindo à tona. As guerras civis de fundo étnico na Bósnia, no Kossovo, na Chechênia e em outras regiões da Europa Oriental parecem o eco de velhas batalhas medievais, mas não são apenas um anacronismo: são também uma recapitulação.

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Uma Periodização Possível da Era de Peixes
 Com base nas correlações apresentadas pode-se tentar agora uma fixação aproximada dos limites da era de Peixes e de cada uma de suas fases. Tomando como base um ciclo precessional de 25.974 anos, teríamos cada era com uma duração de 2.149,5 anos, e cada fase com uma duração de 179,125 anos. Se contarmos o ano de 7 a.C. (provável nascimento de Cristo) como ponto de partida da era de Peixes, o quadro de sucessão das fases seria o seguinte, incluindo as últimas fases da era de Áries:
Verifica-se que a maioria dos limites de datas corresponde ao simbolismo que identificamos. Contudo, não temos a pretensão de considerar o quadro como definitivo, já que esta é apenas uma das delimitações possíveis. Algumas observações fazem-se ainda necessárias:
a) Nem todas as civilizações reagem da mesma forma e com a mesma rapidez ao simbolismo da era e de suas diversas fases. A ressonância parece ser maior naquelas culturas mais afinadas com as novas tendências e que, por isso mesmo, tendem a exercer um papel hegemônico nos campos político ou cultural.
b) Este é um modelo que considera apenas o ponto de vista da Europa e do Oriente Médio. Sua adoção deve-se à caracterização da era de Peixes como a era européia e ocidental por excelência. Este fato, aliás, só se torna evidente a partir do último quarto da era, já que, durante o primeiro milênio, alguns dos maiores focos de civilização estiveram no Oriente, especialmente na Índia e na China.
c) O simbolismo de cada fase parece não esgotar-se em seus limites de tempo. Conteúdos de cada fase são antecipados nas fases anteriores e sobrevivem nas fases seguintes. Estamos falando aqui de traços dominantes, e não de uma caracterização fechada e excludente.
Mesmo com todos estes cuidados, não há como não observar que este modelo descreve com adequada precisão a trajetória da civilização ocidental, do seu nascimento à crise que vivemos hoje. É uma abordagem especulativa, mas perfeitamente factível.

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