Priapus

Priapus, deus da fertilidade, boa sorte e poder



De acordo com a Mitologia Grega, Afrodite era a deusa do amor e da beleza. Ela apreciava a alegria, o prazer e o glamour, castigando a quem ousasse comparar-se à sua beleza. Casada com Hefesto, o deus dos ferreiros e metais era deformado, tinha os pés tortos, quadris deslocados e Afrodite nunca se satisfez sendo sua esposa.

Apesar de ser casada com Hefesto, Afrodite era sedutora e tinha vários amantes. Os filhos de Afrodite com seus amantes mostram seu domínio sobre as mais diversas faces do amor e da paixão humana. Um de seus filhos era Priapus, nascido de sua união com Dionísio. Priapus era um deus muito feio e tinha um enorme órgão genital, que se mantinha sempre ereto dando origem ao termo médico Priapismo.

Segundo a lenda, Hera, a vaidosa e vingativa esposa de Zeus nunca havia se conformado por Afrodite ter subornado Paris para indicá-la como a mais bela durante o concurso de beleza entre Hera, Atena e Afrodite. Por isso Príapus foi amaldiçoado por Hera enquanto ele ainda estava no ventre de sua mãe, tendo desejado que ele nascesse feio e com uma eterna ereção, porém seria impotente.

Os deuses recusaram a presença de Priapus no Monte Olimpo e o jogaram na terra. Sozinho, ele acabou sendo encontrado pelos sátiros. Príapus juntou-se a Pan e a outros sátiros passando a ser cultuado como o deus da fertilidade, dos jardins, das plantas frutíferas e do crescimento, embora ele se mantivesse eternamente frustrado por sua impotência.

Conta-se que Priapus tentou unir-se com a ninfa Lotis, mas foi frustrado pelo zurrar de um jumento que levou-o a perder a ereção. O episódio fez com ele passase a odiar os jumentos exigindo que eles fossem destruídos em sua honra. No entanto, Priapus vingou-se fazendo com que o emblema sua natureza lasciva permanecesse nos jumentos. 




O mito de Priapus serve para conhecermos um pouco mais a respeito das representações através dos tempos. Na antiguidade tardia, o culto a Priapus era bem mais do que um sofisticado culto de pornografia. Para os camponeses gregos ele era visto como uma divindade guardiã dos pastos de cabras, ovelhas e dos enxames de abelhas. Foi considerado também como um deus que propiciava boa sorte e tinha o poder de evitar o mau-olhado, por isso sua imagem era adorada nos jardins e nas casas, sendo-lhe oferecido frutas, flores, peixes e legumes.

Estatuetas de Priapus eram comuns na antiga Grécia como também na Roma antiga, colocadas em pomares, portas, encruzilhadas e frequentemente adornadas com cartazes contendo epigramas, que ameaçavam os transgressores dos limites por ele protegidos. Ele foi representado de várias maneiras, geralmente como uma figura de gnomo deformado com um enorme falo ereto. Acredita-se que o uso de gnomo de jardim tenha surgido da figura de Príapus.

Como o deus protetor dos marinheiros e pescadores, a figura de Priapus servia como demarcação de áreas consideradas como passagem perigosa. Representado em sua forma ereta, o falo estava presente em quase todos os aspectos da vida diária, reafirmando o estado macho-dominante de coisas que sua presença manifesta. O falo também está associado à posse e demarcação territorial, por isso em muitas culturas é a divindade de navegação.

Quando os romanos conquistaram os territórios dos gregos, eles adotaram os seus deuses mas deram-lhes nomes latinos. Assim Priapus passou a ser o deus Fascinum mantendo o mesmo poder de afugentar o mau olhado e propiciar a conquista, coragem e autoridade. Atribuiam-lhe também o poder de fazer brotar as árvores e de tornar as mulheres férteis. Mesmo depois da queda de Roma, Príapus continuou a ser invocado como um símbolo de saúde, fertilidade, prosperidade e poder. De Fascinum provém os termos fascinante e facismo.

Priapus foi uma figura popular na arte erótica romana e na literatura latina, sendo um tema do humor obsceno de versos chamado Priapeia. Ele era muito popular em Pompeia e uma das imagens mais famosas tem em seu falo um saco de dinheiro. As intenções de seu culto eram dirigidas mais para a luxúria do que o amor. A crença ideal dos pompeianos era: Goza enquanto podes. A vida é muito curta. Goza a vida enquanto a tens! 

Para o povo de Pompéia nada ultrapassava o prazer sexual, por isso toda a cidade revelava uma atmosfera de sexualidade. O povo de Pompéia considerava as relações sexuais como uma atividade biológica natural e salutar. Eles eram exímios na arte sexual, porém sem vulgaridade nem tabu a respeito da sexualidade humana.   

 
Tanto gregos quanto romanos eram povos muitos supersticiosos. Eles consideram os dias auspiciosos como Fas e os dias inauspiciosos como Nefas. Para eles tudo dependia dos dias fastos ou nefastos. Por isso, o povo na sua comunicação diária fazia o sinal de cruzar os dedos ou sobrepor os dedo médio sobre o dedo indicador, que simbolizava o ato sexual, para afugentar o mau olhado. Este simbolismo era protetivo e não sexual, e ainda hoje se usa mesmo gesto de cruzar os dedos também para afastar a inveja, afugentar o mau olhado ou a má sorte. 





Na América estender apenas o dedo médio é considerado um gesto ofensivo, mas no seu significado original servia para se proteger do mau olhado. O manguito feito com a mão sobre o braço flexionado também é considerado um gesto ofensivo, mas esse já foi um gesto de proteção contra maus agouros. 

 



Depois que a Igreja Católica foi aceita no Império Romano no século 4 começaram os tabus e o puritanismo a respeito da sexualidade humana. No entanto em nossa vivência diária há vários símbolos fálicos que sobreviveram o tempo. Os romanos exprimiam a sua escolha pelo destino dos gladiadores no Coliseu de Roma, fazendo o gesto com o polegar virado para cima ou para baixo como um gesto fálico. E ainda hoje usamos o mesmo gesto para expressar Ok ou não Ok. 


Povos de nacionalidades latinas cruzam os dedos de uma maneira diferente. Os italianos, espanhóis e portugueses fazem uma figa, colocando o polegar entre os dedos indicador e médio. Para estes povos a figa é um gesto forte para afugentar melhor o mau olhado porque representa o intercurso sexual mais íntimo. A figa, que é um símbolo fálico, também é usada como amuleto ou talismã de sorte.  

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