quadrantes 1 e 3
Estamos concluindo a análise de dois quadrantes (se você dividir seu mapa em 4 partes, já contamos com duas partes completas: 1 e 3, vide imagem acima), vamos ao que nos dizem os alemães Bruno e Louise Huber em sua obra “Die astrologischen häuser: der mensch und seine welt”, já traduzida para o francês, inglês, espanhol, norueguês e português: “As casas astrológicas”, pela Totalidade Editora.
O 1º Quadrante (1ª, 2ª e 3ª Casas) – IMPULSO – Afirmação do Eu, fatores hereditários, constituição:
As três primeiras casas são o primeiro quadrante no horóscopo. É aquela parte de nós mesmos que não conhecemos o suficiente, pois se encontra abaixo do horizonte. Mas, assim mesmo, tem a ver com o EU, com o mundo do EU. Esse EU, porém, vive aqui no setor das funções de autopreservação, não diferenciadas e controladas pelos impulsos. Por isso são delineados nesse quadrante primeiramente os fatores hereditários, a constituição da nossa natureza impulsiva. Neste ponto, vê-se como o ser humano se defende contra as intempéries da natureza e do meio humano, e como sobrevive. Orientado para uma autodefesa instintiva, ele constrói mecanismos de segurança e de defesa, observa e aprende a preservar-se e a vencer na vida. A vida aqui é material, centrada em si mesma, defensiva, e consiste de objetos. A motivação principal deste quadrante é a autopreservação.
Na 1ª Casa (AQUI), nós vivenciamos como EU com todas as suas exigências impulsivas em relação ao mundo. Temos certo conceito, certa autoimagem e gostaríamos de pensar! O mundo pertence-nos. Aqui nós nos manifestamos como um ente, figura física que se confronta com outros seres humanos e como tal quer ser percebido e respeitado pelo meio. Por isso, esforçamo-nos para ter certa imagem, para causar uma boa impressão e mudamos muitas vezes as nossas máscaras, manipulamos nossa imagem, conforme nossos interesses.
Na 2ª Casa (AQUI), estamos ocupados com o nosso sustento, cuidados da alimentação, da segurança, das provisões. Adquirimos substâncias, talentos e habilidades a fim de aplicá-los proveitosamente. Somos possuidores de bens imóveis, dinheiro ou de atributos mentais. Tudo o que pertence à preservação e à segurança da vida, é mostrado aqui. É a casa da economia, em seu sentido menor, mas também no sentido mais amplo. Por isso, construímos barreiras facilmente a fim de defendermos a nós mesmos e às nossas posses. O EU está orientado para a autodefesa; a autoestima cresce coma as posses, apoia-se naquilo que temos, incluindo coisas, talentos, conhecimentos, como também pessoas.
Na 3ª Casa (Post atual), faz-se a primeira conexão, o indivíduo relaciona-se pela primeira vez com o meio. Ela nos informa sobre as nossas relações com os irmãos, parentes e vizinhos, sobre o círculo mais próximo, seu modo de pensar e atitude mental, sobre o pensamento coletivo, portanto, aquilo com o que somos impressos pelo nosso círculo mais próximo. Indica de que forma nós nos adaptamos a esse meio e, ao mesmo tempo, como somos influenciados e formados por esse meio. Essa medida forma o pensamento coletivo, dependente do meio.
O 3º Quadrante (7ª, 8ª e 9ª Casas) – PENSAMENTO – Reconhecimento do meio, filosofia de vida, adaptação consciente.
Aqui inicia a ascensão para o consciente. Acima do horizonte, no quadrante do pensamento, percebemos o OUTRO/VOCÊ conscientemente. Isso exige adaptação consciente. Obriga à confrontação com o VOCÊ, com a sociedade humana em si. Um depende do outro e buscam-se formas de convivência, escalas de valores no contato comum. Aqui encontramos contratos de sociedades, vínculos de proteção e de lealdade, acordos matrimoniais e de herança, como consequência da vivência/experiência refletida.
Enquanto no segundo quadrante ainda somos fortemente moldados pelo meio, reagindo a ele instintivamente, no terceiro está indicado o que nós mesmos pretendemos fazer e onde vai a nossa capacidade de satisfazer a nosso meio.
A característica deste quadrante é o pensamento. Aqui tentamos reunir, sob um sistema uniforme, diversos pontos de vista ou interesses, sejam eles contratos, sistemas de pensamento, filosofia ou religião. Esse é o setor onde reconhecemos as leis objetivas, sistemas de pensamento formalizados ou de ideias transpessoais.
Na 7ª Casa (AQUI ), está indicada a relação com o VOCÊ. O EU encontra-se no outro polo, diretamente oposto ao VOCÊ, e reconhece-se que as forças próprias são, insuficientes para vencer na vida. Queremos nos unir ao VOCÊ, motivá-lo para a cooperação, estarmos seguros dele. Empenhamo-nos por um verdadeiro companheirismo e devemos aprender a nos sujeitar a esta situação. Disso podem resultar atritos, pois o VOCÊ apontará as falhas que se opõem a uma vida harmoniosa. Começamos com a adaptação consciente, através do trabalho no nosso interior, em nosso EU.
A 8ª Casa (AQUI), exige a adaptação à realidade da sociedade existente que muitas vezes traz a morte de velhos conceitos ou de uma ligação única, impeditiva. Essa casa é também denominada a Casa da Morte, dos processos de morrer e vir-a-ser. Devemos nos desfazer do desnecessário, descartar o peso morto, muitas vezes através de uma separação dolorosa, pois aqui é o ponto decisivo, o local de renovação, da ascensão para a individualidade que dá conscientemente à sociedade aquilo que ela, por direito, pode exigir. Trata-se das obrigações e responsabilidades. Em troca, recebemos aqui os legados, as heranças ou suporte, bem como posições e honras do VOCÊ ou da sociedade.
Na 9ª Casa (Post atual), o tema não é mais o fazer, mas sim o pensar. Essa casa é chamada de a do pensamento próprio, independente, em oposição à terceira, que é a do pensamento adquirido através da educação. Aqui, nós mesmos buscamos encontrar as soluções para o questionamento da vida e compreendê-lo. Ousamos passar além das fronteiras estabelecidas e tentarmos dar rumo e objetivo às outras pessoas, animá-las, entusiasmando-as a colaborarem nos projetos para a comunidade ou em propósitos idealistas. É a casa da filosofia e da visão cósmica, da pedagogia e das relações mundiais.
Apreciemos a magnífica “A Escola de Atenas”, do ariano (6 de abril) Raffaelo Sanzio (1483-1520), que nasceu em Urbino, morou em Florença, alçou a fama tão cedo em Roma e partiu tão precocemente, com apenas 37 anos de idade.
Rafael era tão, mas tão prodígio que, só para ter uma ideia, enquanto Michelangelo pincelava os afrescos da Capela Sistina, lá estava o jovem de 25 aninhos, encarregado do salão que seria a Biblioteca (Stanza della Segnatura) do Vaticano.
Por sorte, “A Escola de Atenas” traz muitos dos ilustres de minha área: mitologia greco-romana e “Antiga” (como designamos a disciplina de Filosofia que abarca as épocas Arcaica, Clássica e Helenística). Como já estudei e escrevi sobre alguns deles, postarei os links dos artigos nos comentários, para quem se interessar em aprofundar nas suas filosofias. Vamos à análise!
Nessa obra, famosos filósofos, guerreiros, matemáticos, astrônomos, sábios e demais pensadores, figuram entre os lúcidos deuses do lógos (ratio) Apolo e Athena (Hélios e Minerva, na mitologia romana).
A escultura de Apolo está no canto superior esquerdo. O deus da saúde e da harmonia ostenta sua lira, que fora presente de Hermes (Mercúrio), confeccionada inicialmente com tripas de carneiro e casco de tartaruga.
A deusa da Sabedoria e Justiça (e também da téchne), Palas Athena, porta sua lança, o elmo e o escudo com a cabeça da rainha das Górgonas, Medusa, que fora presente do herói Perseu.
Em destaque, no centro, os dois maiores filósofos da Antiguidade: Platão, segurando sua obra “Timeu” (sobre o Cosmos), aponta o dedo para o alto, chamando a atenção para o mundo das ideias. Rafael presta homenagem a Leonardo da Vinci ao retratar Platão com suas feições.
E, Aristóteles (manto azul), discípulo de Platão, carrega sua “Ética [a Nicômaco]” e, com sua mão apontando para o chão, chama a atenção para realidade.
Aqui, temos o rei da Macedônia e discípulo de Aristóteles, o Grande Alexandre (356-323 a.C.), ricamente trajado, com elmo, espada, ouvindo a Sócrates (470-399 a.C.) usa vestes num verde-oliva, que parece exemplificar algum saber através dos dedos das mãos. Alguns autores crêem que o idoso de vestes avermelhadas que também o ouve atentamente seja Xenófanes (ou Antístenes).
Zenão de Eleia (o idoso de capuz verde) e Epicuro, com uma guirlanda de parreira na cabeça. Assim como houve o movimento hippie e o grunge, por exemplo, tanto Zenão quanto Epicuro fundaram movimentos filosóficos helenísticos: o estoicismo e o epicurismo.
Nesse trecho, a nos fitar, observamos a única figura feminina do quadro: Hipásia? Monalisa Fornarina personificando o Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere? De pé, a seu lado, Parmênides (“O Ser, É.”), com vestes dourada. Sentado, escrevendo algo, encontra-se o matemático grego Pitágoras (580-500 a.C.). Um aluno segura a lousa de sua demonstração, enquanto o árabe Averrois (de turbante) presta atenção e, Boécio (calvo, com sua caderneta sobre os joelhos) faz suas anotações.
Com a mão sobre a têmpora, naquela típica posição de pensador (inspirador de Rodin?), eis o magnânimo filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfesos, que tanto inspirou Platão: “Tudo flui”; “Não se pode entrar das vezes no mesmo rio”; “O sol é e não do tamanho de um pé” e tantos outros aforismos. Rafael homenageia Michelangelo, ao retratar Heráclito com suas feições.
É digno de nota o destaque que o artista deu a Diógenes (412-323 a.C.), o “mendigo” fundador da escola “cínica” (nada a ver com o que hoje entendemos por cinismo) que, alheio ao burburinho, esparrama-se sobre a escadaria. Diz a anedota que, certa vez, o Grande Alexandre, tendo ouvido falar de Diógenes, foi até ele e disse: “Sou Alexandre, o rei da Macedônia e posso lhe o conceder o que quiseres.”, ao que Diógenes prontamente respondeu: “Saia da frente do Sol!”. E, o guerreiro: “Não fosse eu Alexandre, gostaria de ser Diógenes.”.
Rodeado por quatro atentos alunos, o matemático grego Euclides, debruça-se sobre uma pequena lousa e, com o uso de um compasso, demonstra um princípio geométrico. De costas, trajando dourado e calçando sandálias vermelhas, está o astrônomo Ptolomeu (teórico do Heliocentrismo), diante dele, também com um globo, mas estrelado, Zoroastro. No alto, de pé, com um longo manto vermelho, eis meu adorado filósofo grego Plotino: “Sábio é quem em tudo lê.”. No cantinho à direita, olhando diretamente para nós, está o autor dessa obra: Rafael Sanzio.
Finalizamos esse Post tentando responder a uma pergunta de uma amiga do Salotto:
O mapa acima é de uma bela mulher de quarenta e poucos anos, casada e mãe de três filhos. Os dois mais velhos são independentes, já estão na Universidade, mas há a caçula, de 12 aninhos, muito apegada aos pais. Depois de mais de duas décadas de casamento, ela engordou e o marido já não era mais o de tempos d’outrora. Bem, ela decidiu se cuidar!
Conheceu um endócrino (só um pouco mais velho que ela) bonito e… Solteiro! Apaixonaram-se e, mesmo que jamais tenham, digamos, se conhecido no sentido bíblico do termo, ela vive um dilema: será que o médico a ama de verdade? Será que ele a assumiria se ela decidisse se separar do marido?
Embora relate uma paixão avassaladora, o endócrino é de Virgem e ela tem a Lua também no signo de Virgem (está explicado porque não foram às vias, de fato) e essa configuração indica afinidade ímpar, sem sombra de dúvida. Por questões éticas, ele a dispensou e indicou-lhe outro colega para prosseguir o tratamento (embora ela já esteja magra).
Também relatou estar vivendo problemas familiares, principalmente conflitos com os pais e as irmãs. Bem, ela é do signo de Escorpião e, devido ao fato do planeta dos desafios, Saturno, transitar, atualmente, por esse signo (20°R), não tem sido tempos fáceis para os de Escorpião, seja no signo, Ascendente ou Lua. Observem no mapa que o Sol dela em Escorpião ocupa justamente a 3ª Casa (que, dentre os assuntos, como vimos acima, inclui os irmãos).
Outro indício do porquê dela ansiar por alguma “garantia” por parte do amado ANTES de incorrer no imediatismo das satisfações sensórias (físicas) é que, mesmo que a 26°, o Ascendente dela é… Leão! Uma rainha sempre passa pelo desafio de saber o quanto pesa ostentar a coroa, mas reluta em abandonar o seu trono. Leão jamais compactua com leviandades, no entanto, se for por um amor de verdade, nenhum outro signo o perseguirá com todas as presas e garras.
Observem que, assim que sair de Escorpião, Saturno ingressará em Sagitário e transitará sobre a 4ª Casa dela: a casa, o Lar, a base, o esteio, a família. Passará sobre os planetas natais, Netuno, Mercúrio, Vênus e Júpiter. É inegável que ela terá que refazer seus alicerces. Quando? Em menos de um ano. E o caos imperará por uns dois anos (ou menos), até que uma nova estrutura de vida possa eclodir daí.
A 4ª Casa faz uma quadratura (ângulo de 90°, aspecto dissonante) com a 7ª Casa, a do casamento, onde está nada menos que o bélico planeta Marte, o deus da guerra.
Na 2ª Casa, a das finanças, ela tem o planeta Urano, no signo de Libra (lembre-se que Libra é o signo do casamento). E a 7ª Casa começa no finalzinho do signo de Aquário (que é regido por Urano), ou seja, os recursos dela vêm do parceiro. Realmente, o marido é um homem de posses.
Na 1ª Casa, o Ascendente está a 26° de Leão e o signo de Virgem, com a Lua e Plutão também ali. É intuitiva (Lua), capta o ambiente, pessoas e coisas instantaneamente. Plutão (transformação), em Libra (casamento), mas na 1ª Casa (ego) indica alguém que passa por profundas transformações.
Saturno natal (no mapa de nascença) está em Gêmeos, na 10ª Casa, a do status mundano: isso indica elevação e também risco de queda de posição social.
Atualmente, Júpiter está em Câncer, transitando pela 11ª Casa dela (a dos amigos, grupos e associações). É nessa esfera que o mundo sorri atualmente para ela. Depois (agosto desse ano), ingressará em Leão e ela se será protegida por forças “sobrenaturais” (12ª Casa). Mas bacana mesmo será lá por meados de 2015, quando ingressará com força sobre seu Ascendente! O trânsito de planetas sobre as Casas Angulares (as Cardinais, que formam uma “cruz”: 1ª, 4ª, 7ª e 10ª) são muito mais FORTES!
Bem, poderíamos ficar aqui por páginas e páginas tentando “ler” os indícios, tanto do mapa natal quanto dos trânsitos atuais, mas o que ela quer saber (e que uma astróloga já respondeu) é se vai ou não se separar.
O momento atual é tenso, difícil mesmo. Saturno na 4ª Casa nos tira o chão. E, sinto dizer, ainda vai piorar um pouco ANTES de melhorar. Seu mapa caminha para a desestrutura, sem dúvida. Seu casamento irá mudar, não necessariamente acabar: poderá ser refeito sobre outras bases, outras regras, poderá renascer.
Os astros inclinam, mas não determinam, amiga. Se você optar por uma separação (o que está fácil de ocorrer, pois quando Júpiter já estiver no finalzinho de Leão você se sentirá uma Antígona, fortíssima e armada, contra tudo e contra todos), irá sofrer uma queda em seu status social, em seu bolso e, a menos que eu tenha o mapa do endócrino, apenas com uma única informação (Sol em Virgem), não há como garantir que vocês realmente tenham mais afinidades (mental, só analisando Mercúrio, sexual, somente analisando Marte & Vênus de ambos, por exemplo) além de um notável senso de… Dever.
Como sua Lua está em Terra (Virgem) e sua 5ª Casa (a de Leão), dos jogos amorosos está no signo do sério e responsável Capricórnio, ouso discordar de sua astróloga: você não vai se separar.
Mesmo que decida se separar, não faça isso justamente num trânsito de Saturno sobre sua 4ª Casa: seu mundo virá abaixo! Se for realmente um amor sério, profundo e verdadeiro, porque não esperar apenas por uns dois anos? Penélope esperou por Ulisses por vinte anos, o que são dois anos “para viver um grande amor”?
“A vida é uma combinação de destino e livre-arbítrio. A chuva é o destino, a possibilidade de se molhar ou não é escolha sua”. Sri Sri Ravi Shankar. Bem, vai chover. Na verdade, vai cair uma tempestade. Qualquer astrólogo(a) pode lhe dizer isso. Levar ou não o guarda-chuva, é contigo. Você é do tipo que leva (Capricórnio na 5ª Casa). Eu aposto que levará. 😉
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