Cartas divisionais


A Astrologia Jyotish dispõe de uma ferramenta única para aprofundar a análise do horóscopo- as cartas divisionais – e esta ferramenta permite uma análise de pormenor, funcionando como uma espécie de «zoom» que aplicamos a cada área de vida do horóscopo de modo a observá-la melhor. No entanto, para ser útil, esta análise depende absolutamente da exatidão da hora de nascimento pois a diferença de um minuto é suficiente para obtermos resultados falsos. Quem não dispõe do conhecimento exato da hora a que  nasceu deverá prescindir da aplicação desta forma de análise. É claro que existem vários métodos de «correção da hora de nascimento» que muitos astrólogos pretendem ser capazes de fazer sem erro. Mas, na nossa opinião, se não dispomos da hora exata do nascimento, deveremos optar por outras ferramentas de análise diferentes destas.
As cartas divisionais baseiam-se na divisão dos signos em partes, sendo que  a mais conhecida é a divisão em nove partes que origina a  Navamsa. Na Astrologia Ocidental também se faz a divisão dos signos em 3 partes, pela qual cada signo é dividido em 3 partes de 10º cada, chamadas «decanatos». Mas a Astrologia Jyotish efetua um número de divisões muito mais alargado (até 60) embora  a mais comum seja a de 16 divisões, sendo as restante pouco usadas. Cada parte ou divisão é atribuída a um signo diferente construindo-se assim uma espécie de «mapa»  no qual «caem» os planetas , que mudam de  muitas vezes de signo em cada uma das divisões.
Os textos clássicos da Jyotish não são muito claros acerca dos princípios de interpretação das cartas divisionaise, por isso, é possível encontrar  diferentes abordagens  destas cartas. Porém, há alguns pressupostos que não devem ser esquecidos: o primeiro é que estas cartas são instrumentos auxiliares de análise do horóscopo de nascimento. Não são independentes e não devem ser vistas como tal: a referência é sempre o horóscopo de nascimento e a melhor imagem para explicar a função destas cartas é pensar que o horóscopo apresenta todas as áreas de vida de uma forma global, numa perspetiva «macro»; as divisionais apresentam uma determinada área de vida  ao pormenor , permitindo uma visão mais fina dos aspetos que podem passar despercebidos quando analisamos a globalidade do horóscopo;  isto é, elas ajudam a ver o que já está pressuposto no horóscopo de nascimento mas está menos explícito. Nesta medida, as divisionais não podem prometer nada que não esteja já contemplado no horóscopo. Cada carta divisional corresponde a um setor de vida e é estudada para se analisar esse setor de vida complementarmente ao estudo da casa correspondente no horóscopo de nascimento.
O facto de as cartas divisionais exigirem  o conhecimento da hora exata de nascimento  implica que seja mais sensato, mesmo para quem tem o registo oficial da sua hora de nascimento ,  considerar 12 divisões,  embora se possa dar  alguma atenção  geral às outras vargas da 13 ª até à 16ª. É que convém contar com uma margem de erro possível em relação à hora a que se  registou o nascimento: na maior parte das vezes, este está dependente dos relógios do pessoal que assiste ao mesmo e quem pode garantir que estes marcam o tempo rigorosamente certo da sua ocorrência? Por experiência própria sabemos que este pode não ser fiável.
Agora, em termos gerais, qual a importância das cartas divisionais? Elas permitem ver a força real de um planeta (força vimsopack) pela sua colocação nas várias divisionais. Por exemplo, se um planeta está exaltado na carta de nascimento mas está debilitado na maioria das divisionais, isso mostra que ele é menos forte do que  parece à primeira vista e, por isso, os seus resultados serão bem mais modestos do que se esperaria de um planeta no signo de exaltação. Mas, perguntamos: e quando um planeta está debilitado na carta natal mas está exaltado em outras vargas? Embora seja sempre preferível estar em bons signos do que debilitado, a verdade é que o estado de debilitação na carta natal limita os benefícios da boa colocação nas outras vargas divisionais.

 Conjunto das 12 Cartas Divisionais (Dwadasa Varga)

D-1  Rasi Existência e o plano físico (horóscopo de nascimento).
D-2   Hora Riqueza e dinheiro
D-3  Drekkana Todos os assuntos relacionados com irmãos e irmãs.
D-4 Chaturthamsa Residência, as casas de que se é proprietário, propriedades e fortuna.
D-5   Panchamsa Fama, autoridade e poder
D-6   Shasthamsa Problemas de saúde e tipos de doenças.
D-7   Saptamsa Tudo o que se relaciona com os filhos  e netos incluindo a felicidade que se recebe  deles
D-8  Ashatamsa Longevidade, problemas súbitos e inesperados, litigações
D-9  Navamsa Casamento e tudo o que tem a ver com o cônjuge, interação com outras pessoas, competências básicas, ser interior, «dharma» (propósito de vida)
D-10  Dasamsa  Carreira, atividades e realizações, status social
D-12    Dwadamsa Tudo o que está relacionado com os pais e parentes de sangue
D-24  Chaturvimsamsa Aprendizagem, conhecimento e educação
Na Astrologia Jyotish quando um planeta ocupa o seu signo numa determinada Varga, dá resultados auspiciosos;  quando ocupa o mesmo signo na Navamsa – Vargottama- isso também é considerado um fator que aumenta a força do planeta.  Porém, é preciso ver se o planeta é forte porque, se estiver fraco na carta natal, não é por estar no mesmo signo na Navamsa que melhora os seus resultados.
Habitualmente a Navamsa é considerada a varga mais importante e se  um planeta está exaltado na carta natal mas está debilitado na Navamsa isso torna-o fraco para todas as suas significações, gerais e particulares. A Navamsa permite, deste modo, aferir a real força de um planeta para produzir resultados.
Quando um planeta está forte na carta de nascimento  e na Navamsa mas  está fraco- por ex., debilitado- numa outra carta divisional isso torna-o fraco para aquela área de vida  que é representada por essa carta divisional e apenas para essa, a menos que também esteja debilitado em outras cartas divisionais. ( e, nesse caso, consideramos que o planeta é  fraco apenas para essas áreas particulares).
Em resumo, para fazer um uso correto das cartas divisionais, analisamos a carta divisional relacionada com a questão que nos interessa- por ex., para analisar a carreira, analisamos a D- 10- e as casas do horóscopo relacionadas bem como os seus regentes e outros planetas que influenciam esta área, tendo em conta ainda os significadores gerais das profissões e procuramos ligações entre eles. Observamos qual a colocação do regente da 10ª casa do horóscopo de nascimento na D-10  bem como a colocação do regente da 10ª casa dessa varga  e a colocação do regente do Ascendente desta e as combinações formadas nesta varga pelos planetas significadores que estamos a analisar , antes de formularmos um juízo.

Como dissemos  no artigo anterior sobre as cartas divisionais estas não devem ser  consideradas como independentes mas devem antes ser usadas como complemento da Carta de Nascimento; elas são extensões dessa carta, são uma visão pormenorizada de uma área de vida simbolizada por uma determinada casa do horóscopo.  As vargas divisionais são ferramentas que servem para testar a força dos planetas no horóscopo de nascimento.
Assim, para analisar as cartas divisionais, procedemos do seguinte modo:
a)      Identificamos em primeiro lugar a (s) casa(s) do horóscopo de nascimento que são os principais significadores  do assunto ou área de vida que tentamos esclarecer e os planetas que significam essa área /assunto. Para sabermos isto  de forma imediata podemos consultar a série de artigos «significadores das áreas de vida» para cada  signo Ascendente que temos vindo a publicar.
b)      Escolhemos a carta divisional que representa essa área de vida (tenha em conta a relação das divisionais apresentada no primeiro artigo).
 A primeira coisa a analisar é a posição , na carta divisional, do planeta regente da casa do horóscopo que significa a área de vida estudada como primeiro significador. Em que casa da varga é que ele se encontra? A sua colocação numa das casas maléficas  (6ª, 8ª ou 12ª )é um primeiro fator desfavorável.  E qual a sua posição por signo? Está no próprio signo, debilitado, em Mooltrikona ou exaltado? Por ex., um planeta no próprio signo na divisional e  exaltado na D-1 vê confirmada a sua força.  Os aspetos que recebe, sobretudo os dos outros  planetas significadores da área em estudo, também são muito importantes. As associações entre os significadores da área de vida ou assunto que estamos a estudar dão-nos pistas importantes para a nossa interpretação.  E qual a sua natureza funcional, tanto no horóscopo de nascimento como na varga divisional? Por exemplo, se na D-1 (horóscopo de nascimento)  o planeta é um benéfico funcional mas na varga é um maléfico funcional, os resultados do planeta para esta área de vida podem ser problemáticos, embora estes efeitos  sejam menores do que se o planeta fosse um  maléfico funcional na D-1. Porém, esse impacto é maior se, na carta divisional, influencia o Ascendente ou a 4ª casa .
Analisamos de seguida a colocação por casa e por signo dos outros significadores para esta área, repetindo o processo de análise exemplificado no parágrafo anterior. Anotamos as conclusões. Estão colocados em casas boas ou más? Recebem bons  ou maus aspetos? Qual a sua natureza funcional?
Finalmente, consideramos o  regente do Ascendente da carta divisional e observamos a sua colocação por casa e por signo. Esta análise é muito importante se o Ascendente está ocupado por um signo Mooltrikona. Caso esteja ocupado por um outro signo, a sua importância torna-se  secundária (mas, ainda assim , deve ser  considerada, embora com menos relevo) . Adicionalmente, vemos onde está colocado o regente da casa (da varga divisional) que simboliza a área de vida que estamos a analisar e qual a sua força. Comparativamente, vemos qual a casa que esse planeta ocupa na D-1 e qual o seu estado aí. Esta análise fornece dados adicionais sobre a força do planeta e ajuda-nos a aferir os seus efeitos para produzir resultados.
Agora, como saber quando é que os resultados que interpretamos se concretizarão na vida da pessoa?  Para sabermos isto vemos os períodos principais ou mahadasha  ou os subperíodos dos planetas Significadores , privilegiando os significadores principais, e que podem ser os regentes das casas do horóscopo ou outros planetas significadores (karakas), conforme os casos  e o Ascendente em causa.
Neste artigo  escrevemos algumas notas sobre as cartas divisionais, para ajudar a contextualizar o seu uso na prática da astrologia Jyotish.
Como temos referido anteriormente, as cartas divisionais ou «vargas»  (o termo «varga significa classe, subdivisão, categoria, secção ou grupo) não devem ser lidas de forma independente, pois são a explicitação das posições que constam da carta de nascimento (Rasi, D-1).
Apenas esta última se refere aos eventos materiais da nossa vida e as vargas são um olhar mais aprofundado desses eventos mapeados na carta natal.
Excetua-se desta regra a navamsa, em relação ao casamento, pois, neste caso, o  timing  do casamento é definido pelos regentes da 1ª e da 7ª casa da varga Navamsa e do trânsito de Rahu e Ketu pelos pontos chave do horóscopo, tanto na D-1 como  na Navamsa. Esta exceção justifica-se pela intensa energia psíquica que rodeia a realização de uma união deste tipo, sobretudo nos dias de hoje em que são os  fatores subjetivos  de caráter emocional que determinam o casamento e não os fatores materiais ou meramente contratuais.
Cada varga junta numa associação ou grupo um conjunto de fatores a partir de algo comum que os une: riqueza, saúde, filhos, educação, carreira, etc.. Parashara na obra Brihat Hora Shastra considerou 16 divisões, ou vargas numerando-as como segue:
D-1- Ascendente. Para determinar a dimensão física ; D-2 ( Hora)- para avaliar a riqueza; D-3- (Drekkanna para avaliar a felicidade através dos irmãos. Também mostra a vida deles e o seu bem estar); D-4 (Chaturtamsha) – para avaliar a residência e a fortuna; D-7 (Saptamsha)- para analisar os filhos e netos;  D-9 para analisar  o cônjuge.
Também é usada para se determinar a capacidade de os planetas produzirem os seus resultados em todo o horóscopo; D-10 (Dashamsha) – para o poder e a posição, para a profissão e o sucesso em todos os assuntos; D-  12 (Dvadashamasha) para analisar os pais, as suas vidas e bem estar; D- 16 (Sodashamsha)- para determinar os benefícios e prejuízos através de veículos;
D- 20   (Vimshamsha), para determinar os assuntos espirituais,  o caráter devoto ou religioso do nativo; D- 24   (Chaturvimshamsha- para a aprendizagem e educação, capacidades cognitivas; D- 27 (Bamsha) – para analisar as forças e as fraquezas; D-  30 (Trimshamsha)- para avaliar os efeitos negativos, desgraças, misérias e desastres;
D- 40 (Kavedamsha)- para os efeitos positivos e negativos; em 15º e 16º  lugar estão todas as indicações obtidas a partir da Akshavedamsha (D-45)  e Shastyamsha (D- 60) que sintetizam todos os efeitos globais.
Segundo Parashara, o planeta que está numa casa maléfica na Shastiamsha   terá o seu poder diminuído; o planeta que estiver colocado numa posição benéfica na Sodashamsha florescerá.
Hoje em dia nem todas estas vargas são usadas. Algumas das mais usadas  são: a D-9, para o casamento; a D-7 para os filhos, a D-12 para os pais; a D-3 para os irmãos; a D-30  para avaliar a má sorte como algum obstáculo grave, problema se saúde sério, etc., a D-10 para a profissão, a D-2 para a riqueza.  Algumas das vargas são úteis para analisar questões específicas, como é o caso da D- 24, que mostra o acesso à educação e a capacidade de ter sucesso nesta área.

Importância das Cartas Divisionais

Tendo sido dito que os eventos materiais são significados pela carta principal, ou mapa de nascimento, as vargas significam expetativas psíquicas,  significados intenções  e modos de compreensão que foram acumulados em existências  anteriores e que condicionam, no plano mental e psíquico, a manifestação dos eventos materiais da nossa vida.
São igualmente padrões que determinam os eventos no plano material, ou «guião de vida» que trazemos para este plano de existência. Não são padrões imutáveis, pois podemos alterá-los através da tomada de consciência deles e do modo como atuam sobre as nossas decisões e escolhas (para o bem e para o mal). Por revelarem padrões de vida e de pensamento anteriores, tendem a repetir-se de forma automática, pois representam o «ponto de menor resistência».
Apesar de serem uma ferramenta da máxima importância na Astrologia Jyotish, as cartas divisionais  exigem o conhecimento rigoroso da hora de nascimento pois basta haver  uma diferença de dois ou três minutos  para se tornarem enganadoras e completamente inúteis , sobretudo nas divisões maiores , razão pela qual a maioria dos astrólogos usa muito pouco essas divisões.
Neste artigo falamos de métodos de análise das cartas divisionais.  Como ler as cartas divisionais é um assunto  que envolve diversas opiniões  e abordagens. Independentemente do mérito que todas têm, há alguns princípios básicos que podem ser testados pelos estudantes de astrologia que podem, desse modo comprovar a sua eficácia.
Antes de fazermos uma breve análise das cartas divisionais, deixamos aos leitores mais um contributo para que possam estudar e experimentar o seu uso.  Como sempre em que o assunto é as cartas divisionais e o seu valor como instrumento de previsão e análise das promessa natais, lembramos que, quanto maior é a divisão, mais exigente é o rigor em relação à hora de nascimento.
Nas divisões mais altas, 1 ou 2 minutos de diferença em relação à hora certa do nascimento, são suficientes para fazer da análise uma pura fantasia.
Dito isto,  as cartas divisionais têm um lugar importante na prática da astrologia Jyotish. Alguns propõem usar as cartas divisionais de dois modos- através de uma «análise estática» que serve para melhorar a compreensão das «promessas natais» no instante do nascimento (e não para fazer previsões sobre como cada uma dessas promessas se desenvolverá no tempo); e uma «análise dinâmica», isto é, usada para prever determinados eventos no tempo, em conjunto com o período dasa  ativo nesse período.
Deste modo, uma análise dinâmica foca-se numa determinada  carta divisional  relacionada com uma área de vida a analisar (por ex., a D-10, se queremos analisar as perspetivas de emprego num dado período e sucesso profissional)  onde se analisa em que  casa está colocado o planeta que rege o período dasa  ativo.
Para analisar estes dois fatores, há algumas aspetos a considerar:

Análise Estática das Áreas de Vida Usando as Cartas divisionais

Nas cartas divisionais que se referem a pessoas- como a D-9 ao cônjuge; a D- 7 ao filho ; a D-3 que se refere aos irmãos; a D- 12    que se refere aos pais, não é positivo ter o  planeta significador dessas pessoas (Karaka) na 1ª casa dessas cartas divisionais. Assim, ter Vénus na 1ª casa da D-9; Júpiter na 1ª casa da D-7: Marte (irmãos mais novos) ou Júpiter (irmãos mais velhos)  na 1ª casa da D-3; o Sol  (pai) ou a Lua ( mãe) na 1ª casa da D-12.
Quando isso acontece, isso indica dificuldades para a pessoa significada. Estas dificuldades serão mais sentidas se o planeta karaka estiver fraco. Serão também mais sentidas durante o período dasa do planeta envolvido. Tais dificuldades far-se-ão sentir na vida da pessoa significada pelo planeta karaka.
Para avaliar a força que uma determinada área de vida terá na vida de uma pessoa, deve começar-se por olhar para a 1ª casa da carta divisional. A presença de vários planetas na 1ª casa da divisional mostra que essa área de vida terá um peso significativo na vida da pessoa.  Outro fator importante é quando o Ascendente da carta raiz- D-1- é o mesmo numa dada carta divisional.
Em geral isso indica que essa área de vida será favorável, especialmente quando o regente do Ascendente está bem colocado na divisional, numa boa casa (excluem-se as casas dusthana). Mas se, pelo contrário, o regente do Ascendente estiver fraco e mal colocado, então essa área de vida dará fracos resultados.

Análise Dinâmica das Divisionais- Complementaridade com o Período Dasa

Na análise dinâmica, vemos como se desenrola no tempo o que é prometido pelas configurações natais. Estas mostram o potencial com que a pessoa nasce mas, até que ponto esse potencial se desenvolverá depende, entre outros fatores, dos trânsitos e da análise do período dasa.
A compreensão dos efeitos do período dasa num certo momento pode ser melhorada através da análise complementar da colocação do planeta que rege o dasa nas cartas divisionais, para se determinar qual o sucesso expectável em dada área de vida num certo período (isto configura uma das «forças» específicas e um dos métodos quantitativos vimsopack bala) .
Os efeitos dependem de vários fatores, a começar pela colocação em casas positivas ou negativas:  as casas kendra e trikona são positivas; as casas 2 e 11 são tradicionalmente consideradas medianamente positivas; e as casas 6 8 e 12 são consideradas maléficas.
Por outro lado, como sabemos, os planetas também se dividem em benéficos e maléficos, sendo Mercúrio neutro ou considerado benéfico em certos contextos.
Alguns investigadores estabeleceram as seguintes regras para avaliar os efeitos de um planeta nas cartas divisionais:

Glossário de Bamsha
O conceito de que falamos hoje no glossário é Bamsha, também designada por Sapta vimsamsa consiste em dividir cada signo em 27 partes iguais de 1º 6’ 40’’ sendo por isso referente a uma das cartas divisionais. Também se encontra com a designação de Nakshatramsa e refere-se à D- 27.
Esta carta divisional serve para avaliar as forças e fraquezas gerais,  A força física e a energia geral que colocamos para agir podem ser vistas a partir daqui.
Não vale a pena explicar os cálculos para obter esta divisional uma vez que qualquer software de Astrologia Jyotish (incluindo o gratuito Jaganatha Hora que aconselhamos) faz todos os cálculos sem ser preciso nenhum esforço adicional.
A Bamsha constitui uma das 16 vargas ou divisões dos signos referidas pelo sábio Parashara ,fundador da Astrologia Jyotish na sua obra Hora Sastra. Este conjunto é também conhecido por Sodavarga. A análise de cada uma das divisões ou cartas divisionais tem um peso específico na análise global do horóscopo sendo que a totalidade das 16 vargas soma 20 pontos, valendo cada uma das cartas divisionais um peso relativo.
Este pode mudar conforme se usa um conjunto de 16 divisionais, 10, 7 ou 6 cartas divisionais do total das 16 consideradas por Parashara.
Entre os critérios que podem ser usados para justificar a escolha de grupos mais pequenos ou maiores de cartas divisionais está o facto de ser necessário conhecer a hora exata de nascimento de nativo para serem fiáveis as divisões maiores dos signos.
Bastam poucos minutos de diferença entre a hora de nascimento registada e a hora a que efetivamente se nasceu para que as cartas divisionais baseadas num número maior de divisões dos signos sejam pura ficção razão pela qual muitos astrólogos não as usam,  sobretudo quando os nascimentos ocorreram em locais em que o rigor da hora de nascimento deixa bastante a desejar.
No que se refere à varga Bamsha, esta é apenas considera no conjunto das 16 vargas ou sodavarga e tem um peso de 0,5 num total de 20 pontos possíveis. Parashara atribuiu  o maior peso à D- 60 ou shastiamsa- 4 pontos- por considerar que esta dá indicações gerais sobre o destino individual, sendo um auxiliar das previsões.
D-60 refere-se ao karma passado que afeta o presente e, como a vida presente é vista como resultado do passado, a análise desta varga mostra como vidas passadas afetam a vida presente e a condicionam, para o bem e para o mal.
A aflição de planetas na D-60 revela «maldição» sobre a vida atual, segundo os antigos mas, se o aspeto não se repete na D-1 esse karma está pendente o que significa que não será colhido nesta vida.. A seguir em força vem a D-1 ou carta natal -3,5 pontos-e depois, é claro, a D-9 ou Navamsa com 3 pontos.  Nesta ótica, a análise da varga Bamsha aparece como secundária.
Apesar da sua menor importância, comparativamente com as vargas referidas no parágrafo anterior, a Bamsha é um auxiliar de previsão também importante embora de refira mais às forças e fraquezas no plano físico e material permitindo apurar se o nativo tem energia suficiente para fazer vingar os seus esforços neste plano.

Cartas Divisionais, Dashas e Nakshatras nas Previsões Financeiras


Conjuntamente com o sistema Dasha,  a Astrologia Jyotish dispõe de uma ferramenta extraordinariamente importante que são as cartas divisionais ou vargas que  constituem um instrumento de observação microscópica das diversas áreas de vida simbolizadas nas 12 casas zodiacais.
As cartas divisionais permitem afinar a observação da carta astrológica até um nível «micro» e são utilizadas para «desdobrar» e explicitar a informação da carta de nascimento e também como instrumento auxiliar de previsão relativamente ao sistema Dasha.
Existe um número considerável de vargas, divididas por vários níveis: as cartas de 1 a 12 operam no plano físico e mostram matérias relacionadas com o plano físico: corpo, riqueza, irmãos, filhos, pais, cônjuge, etc;  as vargas com números de 13 a 24 operam no plano mental mostrando aspectos como o prazer e a infelicidade, as tendências religiosas e espirituais, etc. ;as de números  25 a 36 operam no plano subconsciente mostrando forças e fraquezas da nossa natureza psicológica e da personalidade; as de  números 36 a 60 operam no plano kármico  mostrando a relação com o karma passado.
 Embora existam todas estas vargas, o mais habitual é utilizarem-se 16 ( shodasavarga). De todas as cartas divisionais, a mais importante é a D-9 ou Carta Navamsa.
A Importância da Carta Navamsa  D-9
Esta carta baseia-se na divisão de um signo em 9 partes, o mesmo número divisional considerado nos Nakshatras. Apesar de ser especificamente a «Carta  astrológica para observar  o casamento e a relação com o cônjuge» e os aspectos com ele relacionados, na verdade esta varga tem uma importância muito maior do que isso e é usada como uma espécie de avesso da carta de nascimento, dando informação relevante sobre todas as áreas de vida da pessoa.
Se um planeta é muito forte na carta de nascimento mas está fraco na Navamsa o nativo não obtém bons resultados relacionados  com o planeta e  as casas que este rege. A importância desta varga é tão grande que qualquer efeito previsto  no horóscopo deve ter confirmação através da Navamsa: embora existam modos de interpretação  específicos das vargas, muitos astrólogos analisam a Navamsa como se fosse uma segunda carta de nascimento, analisando todos os aspectos, yogas, etc.
Para efectuar previsões, a varga Navamsa é muito utilizada, tendo mesmo precedência sobre a carta natal. Isto sucede devido ao carácter de «confirmação» que esta varga tem relativamente à carta natal.
Por exemplo, quando um planeta na Navamsa está no mesmo signo que na carta de nascimento (Vargottama)  isso tem o efeito comparável à posição de exaltação que é a posição mais forte que um planeta pode ter.
Um yoga poderoso na carta de nascimento pode tornar-se estéril se o planeta que o forma está debilitado na Navamsa e, desse modo, não dar qualquer resultado positivo. 
As Vargas Relacionadas com Ganhos e Carreira- D-2, D-10, D-11
carta D-2 é a que se utiliza para  ajuizar acerca da riqueza do nativo e do modo como esta será alcançada. Esta carta divide cada signo em 2 partes, uma governada pelo sol e a outra metade pela Lua. Se a maioria dos planetas se encontrar na «hora do Sol» o nativo ganha dinheiro como resultado de trabalho árduo e pode ganhar bastante. Se a maioria dos planetas se encontrar na «hora da Lua» o nativo ganhará dinheiro facilmente se houver Dhana  yogas  e outras assinaturas favoráveis  na carta de nascimento.
Carta D-10 mostra os aspectos relacionados com a carreira e o trabalho. A força do Ascendente nesta carta e a sua posição por casa bem como os aspectos que recebe  e a posição do regente da 10ª casa dão indicações pormenorizadas acerca desta área de vida. 
carta D-11 pode ser calculada de várias maneiras, uma das mais  utilizadas é a  Ekadamsa desenvolvida pelo eminente astrólogo Védico Dr B.V. Raman e que é muito utilizada na Astrologia Horária (Tajika). Permite observar a quantidade de rendimento da pessoa ao longo da vida;  permite ver se o nativo receberá alguma honra e quando(relação com o sistema dasha).
 A Complementaridade  entre As Vargas e O sistema Dasha
As cartas divisionais também são usadas como meio complementar de previsão dos efeitos dos planetas durante os períodos dasha/antardasha. Para esse efeito observa-se a posição do planeta dasha em cada uma das cartas divisionais relacionadas com cada área de vida relevante.
Se esse planeta está localizado em boas casas nas várias vargas dará bons resultados durante o período dasha; se está bem colocado em algumas casas  e mal posicionado em outras,  dará maus resultados nas áreas de vida  representadas pelas vargas onde está mal colocado.
Como os períodos dasha se estendem por  uma duração determinada  de tempo, é possível efectuar previsões precisas acerca dos efeitos referidos.
Os Efeitos dos Planetas nos períodos Dasha e  a Relação com os Nakshatras 
Outro factor a considerar é o Nakshatra onde se localizam os planetas. Por vezes encontramos  planetas  colocados no próprio signo ou mesmo exaltados mas nem sempre dão bons  resultados, apesar de poderem estar posicionados numa boa casa.
 
E ainda, por vezes, apesar de os regentes da 3ª, 6ª e 11ª casas darem, segundo as regras clássicas, maus resultados, por vezes dão bons resultados. E, perante estes casos, perguntamo-nos: o que pode causar esta eficácia/ ineficácia da acção de um dado planeta ao arrepio das regras mais conhecidas?
É aqui que os Nakshatras mostram  a sua importância : o Nakshatra em que um planeta está colocado e a relação que tem com o seu regente é determinante  para avaliar os efeitos que esse planeta terá  na vida da pessoa. Este aspecto é fundamental para entender os efeitos do planeta  o período Dasha/Antardasha, em que a sua acção domina as influências do horóscopo.
Duas pessoas com planetas colocados no mesmo signo podem ter resultados diferentes se estiverem colocados em diferentes Nakshatras.
Deste modo é necessário ter em atenção o grau de colocação de cada planeta e analisar a sua relação com o  planeta regente desse Nakshatra; devemos ver que casas é que este rege no horóscopo tendo em conta as relações temporais dos planetas para cada signo Ascendente.
Como exemplo, veja-se o caso, citado por Gopal Krisdhna Rao no seu livro Nadi Jyotish  de duas pessoas com o mesmo signo Ascendente Balança.  O regente da 2ª casa encontra-se, em ambas as cartas de nascimento na 2ª casa e no próprio signo.  Mas os resultados financeiros de ambos são muito diferentes!
Um deles tem Marte, regente da 2ª casa, no Nakshatra Vishakha, que tem por regente Júpiter.  Apesar de Júpiter e Marte serem «amigos, para este Ascendente Júpiter  é funcionalmente inauspicioso, regente da 3ª e da 6ª casas; esta pessoa  tem  resultados muito fracos a nível financeiro.
O outro nativo tem o regente da 2ª casa no Nkakshatra Jyestha,  que é regido por Mercúrio. Ora, Mercúrio  é funcionalmente auspicioso para este ascendente, regendo a 9ª casa do horóscopo.  O nativo tem bons resultados a nível financeiro.
O Momento de Frutificação das Assinaturas Astrológicas
Lembrando o exemplo apresentado em artigo anterior, este nativo está a passar pelo Dasha do sol. No seu horóscopo o Sol está colocado em Uttara Ashada que é um Nakshatra regido pelo Sol e que é auspicioso para o seu Ascendente(rege a 9ª casa).
 Desde Junho  de 2012 e até Junho de 2013 estará ativo o Antardasha de Vénus, que rege a 11ª casa dos ganhos e que entra na formação de um Dhana Yoga com Saturno, regente da 2ª casa. Saturno está colocado no Nakshatra Poorva Ashada, regido por Vénus. A relação entre os dois planetas  é de amizade.
O trânsito de Saturno é benéfico, estando a transitar pela 11ª casa durante os próximos 2 anos; Saturno é muito poderoso no horóscopo.  Júpiter transita pela 6ª casa (do esforço e do trabalho árduo e da prestação de serviço em geral) e  lança aspeto para a Lua e para a 2ª casa . É  de esperar que, durante este período, o Dhana yoga frutifique. No entanto, uma vez que Saturno é muito mais forte do que Vénus, os ganhos deverão seguir o padrão saturnino: exigindo esforço e trabalho do próprio  e, porventura,  estando relacionados com algum serviço .
Por outro lado, o regente do período Dasha , o Sol (regente da 9ª casa) forma um Raj yoga com Mercúrio,( regente da 10) e  estão ambos colocados na 2ª casa do horóscopo natal  ao mesmo tempo que Saturno e Vénus atualizam no tempo presente o Dhana yoga.
 
Isto permite calcular que em 2013 durante algum tempo,  e muito particularmente quando o sub-sub- período de Mercúrio  ficar activo (de 30 de Março a 21 de Maio) este nativo tem oportunidade de   ganhar riqueza  atualizando deste modo  esta assinatura  presente no seu horóscopo.
 Pelo estudo do horóscopo já realizado e tendo em conta  o estado de Vénus (força shadbala fraca e carácter inauspicioso para o Ascendente) os ganhos não deverão ser extraordinários e poderão sofrer alguns obstáculos.  Mas, ao mesmo tempo, ficarão activas as influências que juntam os regentes da 2ª, 11ª, 9ª e 10ª casa pelo que haverá certamente ganhos, possivelmente relacionados com a carreira (10ªcasa) e com trabalho árduo (Saturno).
Nota: Não foram tidas em conta as cartas divisionais (embora tenham sido também analisadas como complemento de informação) pois, quando existem yogas fortes no horóscopo, estes prevalecem sobre os resultados das vargas.

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